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Haverá sangue Muito se tem falado acerca da ousadia do programa que o Bruno Nogueira escreveu para o horário nobre da RTP. Para mim, a única dúvida acerca d’ “O último a sair” prende-se com a escolha de horário, nada mais. Sendo que o meu eterno exemplo de serviço público de televisão se chama BBC, um horizonte longínquo para a nossa emissora, posso dizer que já lá vi coisas bem mais ousadas, mas mais tarde. Mas a questão aqui é outra: gostava de ver essas mesmas pessoas, chocadas com o facto de haver crianças a ver o pirilau do Gonçalo Waddington logo a seguir ao jantar, pronunciarem-se acerca da muito anunciada transmissão em directo de mais uma “corrida de toiros”, em horário dito nobre, – lá se vai a nobreza, pelo menos, enquanto característica – com imagens bem mais violentas do que qualquer uma proporcionada pelo Gonçalo (e mesmo que fosse o Roberto Leal). Será que não os incomoda a lição que a televisão pública está a dar às mesmas crianças? Sendo serviço público, a RTP tem obrigação de, mais do que preocupar-se com a mesquinhez das audiências, educar e civilizar um povo com tanto ainda para aprender. Mas há um lobby inexplicável, como em tantos outros sectores da sociedade. E continuamos nisto. Esta situação faz-me lembrar aqueles estados americanos onde um adolescente não pode comprar uma lata de cerveja mas pode comprar uma arma. Etiquetas: animais, rtp, televisão, tourada, último a sair Damon at 11:53 da manhã A partir de hoje à noite e até dia 26 de Junho, alguns poemas meus vão estar expostos nas árvores da Praça do Município da Maia, cidade onde vivo – quase – desde que nasci. Uma boa forma para pôr os transeuntes a ler poesia e para os passarinhos que queiram demonstrar de alguma forma o seu desagrado para comigo. Convido-vos a visitar a minha exposição, integrada no ciclo “Maia, Cidade em Performance”, mas também todas as outras, presentes no Fórum da Maia. Etiquetas: eu, maia cidade em performance, poesia Damon at 3:13 da tarde Apaixonei-me pela escrita de Saramago depois de ler um livro que agora, com os óculos de ver ao longe, nem me parece dos melhores, chamava-se “Todos os Nomes”. Já não me faltam muitos para ter lido a obra completa, ambição que acarreta o desgosto de, lido o último, não haver mais para ler. “Jangada de Pedra” teria sido uma escolha óbvia, logo no inicio do percurso. O facto de ter visto o filme de George Sluizer atrasou o processo. Por norma, leio o livro antes de ver o filme mas o DVD estava ali à mão e a versão em papel não, por isso… Anos volvidos, resolvi que era tempo de pegar no sonho ibérico de Saramago, o registo romântico da ideia repetida inúmeras vezes em entrevistas, cá como lá. Ao mesmo tempo, um certo cepticismo relativamente a uma Europa aparentemente próxima e distante na prática também fica demonstrado, apimentado ainda pela anedota de ficar Gibraltar náufrago a ver partir o resto da jangada. É um bom livro, quanto a mim, mas não está ao nível dos extraordinários “Ensaio sobre a cegueira”, “Memorial do Convento” e mesmo “As intermitências da morte” e “A viagem do elefante”. Quis o destino que por estes dias em que me fiz ao mar à boleia de uma jangada saísse um estudo sobre a possibilidade de uma “união ibérica”. 46 % dos portugueses e 39 % dos espanhóis parecem concordar. Eu diria que essa “união”, numa versão mais amarga, com laivos de imperialismo subtil, já existe há algum tempo, desde que temos contas no Santander, compramos a roupa na Zara, pomos gasolina na Repsol, comemos peixe da Pescanova e enchemos o El Corte Inglés. Ah e pior que tudo, dobramos anúncios com uma cantiguinha à Paulo Bento. Etiquetas: a jangada de pedra, livros, saramago, união ibérica Damon at 3:36 da tarde Há um novo campeão nacional de futebol. Sem sombra para dúvidas, é a melhor equipa que fica com o título – tal como já o ano passado tinha acontecido. Os portistas estão de parabéns, excepto: - os idiotas que apoiam páginas anti-Benfica; - os que têm cachecóis “odeio-te Benfica” e coisas do género ou piores; - os que foram a Vigo apoiar o Celta há uns anos; - os que têm duas equipas: o Porto para ganhar e o Benfica para perder; - os que no estádio comemoram golos do Porto com cânticos alusivos ao Benfica; - os que têm orgasmos de cada vez que o Benfica perde; - os que levam pedras e bolas de golfe para o estádio; - os que não sabem ganhar como também não sabem perder. Estes portistas não merecem ser campeões. Aos outros, os meus sinceros parabéns. Etiquetas: benfica, fc porto, futebol Damon at 4:37 da tarde Eis o segundo dia – nesta temporada – de Portugal sem governo. Ou melhor, o executivo está lá, mas é como se não estivesse. Cheira-me que a própria acção de encomendar uma pizza para o almoço lhe é negada, neste momento. A queda do porreiraço José Sócrates devia ter-me alegrado. Fui um entre as dezenas de milhar presentes numa manifestação amaldiçoada pelos comentadores alapados. Senti-me minúsculo numa Praça da Liberdade tão pequena para tanta gente. Mas a queda do nosso “magalhânico” PM deixou-me estupidamente apático. É que a seguir vi o ainda mais porreiro Pedro Passos Coelho e a comida começou-me a enjoar, enrolando-se-me no céu-da-boca sem pôr pés ao caminho descendente. A presença – não por si só, mas a forma que ela tomou – do líder do PSD, futuro timoneiro do país – desculpem lá, ó senhores da Direita, eu sei que preferem “homem do leme”, “timoneiro” era Mao demais – no funeral do grande Artur Agostinho fez-me piscar os olhos duas longas vezes, como quem diz, “estou cansado destes marmanjos e não tenho horizonte”. Não posso estar aqui com falsos optimismos, esses deixo-os para o Jorge Jesus que ainda acredita no título. Lamento mas não consigo acreditar num futuro próximo. Etiquetas: josé sócrates, pedro passos coelho, política Damon at 6:59 da tarde
Os dois filmes que vi não foram escolhidos aleatoriamente: um representa o princípio da carreira de Bond, apesar de recente, “Casino Royale”, com o mais musculado agente secreto do cinema; o outro é um filme maldito, não reconhecido como parte da família, apesar de ter como protagonista “O” James Bond, Sean Connery, que retrata os últimos dias no activo de um agente com dificuldade em manter-se em forma, e chama-se “Never say never again”. Curiosamente, nenhum dos dois filmes tem o contributo musical ímpar de John Barry, autor de quase todas as bandas sonoras de Bond, entre muitas outras melodias inesquecíveis. Estava eu a pensar nisso, no Domingo, sem saber que, no mesmo dia, em Nova Iorque, o próprio Barry dizia adeus ao mundo. A sua obra estende-se da música para cinema aos outros álbuns, menos conhecidos, como “Eternal Echoes”, indissociável para mim de um argumento que escrevi. John Barry criou algumas das melodias que me fazem fechar os olhos e imaginar-me obrigatoriamente no conforto de uma sala de cinema. Etiquetas: cinema, james bond, john barry, música Damon at 7:21 da tarde Etiquetas: cormac mccarthy, livros, the road Damon at 5:24 da tarde
Etiquetas: carlos pinto coelho, cultura, jornalismo Damon at 11:51 da manhã Não veio o vento. Não veio a voz do tempo Anunciando presenças Nem ausências, Essas notadas há já muitas folhas De calendário. Um bloco de notas. Rasgado em pequenos pedaços De linhas tortas, Como as que o homem impotente Mas importante Mancha nas suas horas tristes. Vieram nuvens, Foi vê-las chegar Nos seus casacos de peles, Acenando notas de vinte Que até pareciam gotas de chuva Aos meus olhos patetas. Nunca me lembro Desta presença vazia Nos outros dias, Entendo tudo Como um bom comerciante. Nunca me sento Nesta cadeira feia e fria Nos outros dias, Caminho na margem E o horizonte é gélido E maravilhosamente parado. Mas o vento não veio Hoje E faz-me falta a sua música, Mesmo quando tosse Para cima de mim E me contagia com o terrível vírus Da melancolia. Etiquetas: poema Damon at 5:14 da tarde
Um jornalista da SIC dizia há pouco que seria histórica a vitória da proposta conjunta, uma vez que Portugal nunca organizou uma competição desta dimensão. Entristece-me que se considere histórica esta esmola vinda de Madrid, quando nada mais é senão uma humilhação extrema para o nosso país. Dos 21 estádios apresentados à FIFA, 3 são portugueses – Alvalade, Dragão e Luz. Das 18 cidades, apenas 2 são em Portugal – Lisboa e Porto. O representante da candidatura junto do comité da FIFA é espanhol. Nos últimos dias, veio a público a hipótese de tanto o jogo de abertura como a final serem jogados em território espanhol. Parece-me que não é preciso apresentar mais nada, vale? Etiquetas: candidatura ibérica, futebol, portugal Damon at 3:30 da tarde
Este senhor ensinou-me música; ensinou-me a ler; a escrever; a amar; a procurar; a apreciar as viagens nos autocarros da National Express como ninguém... Foi-me apresentado pelo meu amigo Rui Maia, muito muito antes dos X-Wife, nos tempos da secundária e das compilações em cassete. Neil Hannon. Que é como quem diz The Divine Comedy. Se as contas não me falham, sábado foi a sexta vez que o vi ao vivo. Desta vez foi diferente, sem orquestra nem sequer a banda habitual, apenas aquele irlandês franzino com ar de quem lê demasiado – não, ele apenas lê muito, nunca demasiado – e vê ainda mais filmes, um piano, uma guitarra e um copo de vinho. Ali, a alguns centímetros, um dos melhores compositores da actualidade. O meu amigo Neil. Etiquetas: música, the divine comedy Damon at 11:02 da tarde
Etiquetas: benfica, compro o que é nosso Damon at 7:12 da tarde
E nem vale a pena referir a educação cívica dos portugueses ao volante, pois não? Alguém contesta a minha afirmação de que somos um povo estúpido (ESTÚPIDO)? Bem me parecia. Etiquetas: portugal, povo estúpido Damon at 12:35 da tarde
Etiquetas: cinema, david fincher, facebook, the social network Damon at 7:08 da tarde
Damon at 6:55 da tarde
Etiquetas: aniversário teté, atletismo, fc porto Damon at 4:19 da tarde 1 O adeus do costume. Mas um adeus do costume que soa mais grave, definitivo sem o ser. Como escrever um poema e deixá-lo fugir entre os dedos, sem querer, para o vento – o meio de transporte dos poemas. Sei que estaremos juntos em breve – breve, brevemente, como sempre tento enganar o tempo – mas custou-me ainda mais, desta vez. Mesmo quando olhava para ti e pensava: “vai e sê feliz, porra, tu mereces mesmo”. E é isso que interessa. Nem o poema que o vento roubou nem os meus dedos à procura dele. 2 O cancro. Essa besta sorrateira. Estive cara a cara com mais uma lutadora, esta semana. Só lhe vi metade do peso, que a outra metade foi roubada. Mas a pessoa estava lá. Com vontade de erguer a leveza dos seus ossos e fazer-se à vida, mesmo que isso significasse apenas acompanhar os convidados à porta. Não vale a pena desistir. É que esta besta ainda por cima é diferente, o resultado exacto do dito “não mata, mas mói”. Vai alastrando, mas pode alastrar até aos 90 anos. As recordações de um outro monstro, o medo, a admiração por estas pessoas – tudo às voltas dentro de mim. 3 A minha prima tinha “o rei na barriga”. Ninguém se cansava de repetir a piada. O que até tem graça é “o rei” ter nascido tão perto do centenário da República. Em dois ou três segundos, o Artur vai-se transformar num homem bonito e inteligente – na tradição da família. Por isso, deve ele e devemos nós aproveitar esta fase brincalhona da vida e vê-lo em toda a sua inocência dizer olá ao mundo. Priminho, bem-vindo à Terra, para já só te desejo muitas brincadeiras com o teu irmão, tem paciência com as inevitáveis ciumeiras, e espero ver-te muito em breve. Etiquetas: adeus, artur, emoções Damon at 12:49 da tarde Antes da derrota, ainda consegui ir ver “O último voo do flamingo”, de João Ribeiro, baseado num dos mais brilhantes brincalhões da língua portuguesa, Mia Couto. O meu interesse pela obra do escritor moçambicano foi o principal motivo para ir ver o filme. Gostei de ver o excelente trabalho dos actores, quase todos desconhecidos. Alguns efeitos especiais eram dispensáveis porque pouco convincentes, mas não se pode ter tudo. Ando a construir pequenos vídeos para o Festival Literário de Poole, em Inglaterra. Não sei muito bem quantos, porque ainda não me disseram quanto tempo vou ter, nem que meios. É uma sensação familiar, para um português. Etiquetas: cinema, constipação, mia couto, o último voo do flamingo, tensões Damon at 6:29 da tarde
Esta é a explicação no site: With text messaging and social media postings, the limit of characters has made us involuntarily reduce our vocabulary and become accustomed to typing and reading abbreviations and acronyms, along with the generalized use of emoticons to contextualize the message’s emotional tone. The two characters, emo & tick, are based on Japanese emoticons, and engage in different conversations related to this new condition: short instant and condensed messaging as a way of communicating. Este é o site onde podem ver os dois primeiros episódios. Etiquetas: animação, emo and tick, rita sá Damon at 4:27 da tarde Damon at 2:38 da tarde Etiquetas: sue johnston, televisão, trevor eve, waking the dead Damon at 11:45 da tarde Às vezes, Preciso de fechar os olhos Para me entreter Na teia dos sonhos, Perder-me no rumo, Brincar com as cordas De uma guitarra velha, Esquecida no sótão, Ao lado de caixas de cartão Cheias de brinquedos. Há uma magia de nuvens No meu céu. Um momento. Uma memória. Uma selvagem esperança De voltar ao princípio do mundo. Há uma criança que brinca No meu sótão. Há uma criança que brinca No meu jardim. Que colhe flores Sem as matar. Tenho um armazém De esboços Na despensa Da minha sala de estar. Sou uma honestidade De claro-escuro, Sempre que fecho os olhos, Sempre que uso os olhos Para ver. Há uma chávena De chocolate quente E um pratinho de biscoitos Algures à minha espera. Às vezes. Sempre que fecho os olhos. Etiquetas: inglaterra, poema Damon at 2:53 da tarde Foi num Agosto de sombras, De chuva inglesa, miudinha e certeira, Que pus pés ao caminho E por entre a humidade, Fiz o que me era suposto: Caminhei. Pela Alma Road, Andei em linha recta, Sem medo dos bichos da noite, Das lojas de take away Exaustas e assombradas Ou dos condutores de olhar perdido E lágrimas no pára-brisas. Pouco antes de chegar À Silver Lady, reparei Que a Tentação caminhava ao meu lado, Lembrando-me outras noites Feitas de frio mas não de chuva, De uma cidade de anjos E não de uma rua de almas. A Tentação, Leve e sorridente, Riu-se comigo do sinal de “no exit” À porta do cemitério. Convidou-me a tomar um copo Num dos bares de Charminster. Acenei-lhe que não Como quem recusa responder A um inquérito de rua. Mantive os olhos no horizonte E disse-lhe: “Lamento desiludir-te. Eu não bebo; choro.” E continuei, Como quem caminha à beira-Tejo, Ao ritmo dos The Cure, Em passos decididos A seguir o relevo Do passeio. Até que o dia me levasse. É que a outra Alma Road Vai ter a Charminster; Esta apenas vai. Etiquetas: inglaterra, poema Damon at 11:59 da tarde Entreguei o último trabalho, o portfolio final do mestrado. De repente, o vazio. Das muitas queixas que descaradamente publico aqui, nenhuma delas tem a ver com os maravilhosos minutos que passei a criar histórias. Daí o vazio. Mas não estou triste. Apenas nostálgico de um curso que me fez ter duas certezas: a de que é mesmo isto que eu quero; a de que é tão difícil como parece ser bem-sucedido nesta área. Encontrei colegas cordiais – fiquemos por aí, não há cá espaço para grandes amizades – e professores que são seres humanos, acima de tudo. John Foster é alguém com lugar garantido no meu livro de mestres, exemplos de inteligência, sabedoria e humanismo, em todos os sentidos que esta última palavra pode tomar. É o terceiro de uma lista liderada por uma Helena e por uma Cristina cuja amizade está mais que comprovada. Na hora do balanço, não há lugar a grandes manifestações de emoção que ultrapassem o meramente profissional. Há excepções, uma delas já referida. Nesta hora, há que pensar com orgulho no resultado prático deste ano de trabalho árduo mas – quase – sempre muito agradável: - 3 guiões para curtas-metragens; - 3 guiões para muito curtas-metragens (2 produzidos); - 4 peças de rádio (3 para crianças); - 1 documentário de rádio; - 1 peça de teatro (apresentada ao vivo); - 1 guião para animação; - 1 guião multimédia para crianças (como co-autor); - muitos esboços para o futuro. Etiquetas: balanço, escrita, inglaterra, mestrado Damon at 1:03 da tarde Há uma distância Quase marítima entre nós. Nenhum engenheiro se atreveria A projectar uma ponte que nos unisse. Uma estrada comprida, Larga, veloz e confortável Seria rapidamente engolida Pelo pó e pela sua matéria-prima. Tu és como os Balcãs, Sempre desejosos de explodir, Alastrando os braços teimosos Ao resto do mundo. Eu sou como a Noruega, Rica e descomprometida, Só que a minha riqueza Cabe no bolso das calças De uma criança de seis anos. Partilhamos o tempo, pelo menos, Um tempo, uma só oportunidade Para mexer os lábios roídos E apontar um ao outro As armas que trazemos Nas pontas gastas dos dedos. Bendita ilusão, Este vidro, um poço sem água, Uma janela sem vento. Apesar de todas as léguas, Todos os metros e litros, Posso sempre ver-te Se me puser em frente ao espelho. Etiquetas: poema Damon at 6:00 da tarde Damon at 1:04 da tarde
TOP 15 vozes masculinas que mais me apetece ouvir: 1.Brett Anderson 2.Morrissey 3.Richard Hawley 4.Guy Garvey (Elbow) 5.Win Butler (Arcade Fire) 6.Neil Hannon (The Divine Comedy) 7.Matt Berninger (The National) 8.Tim Booth (James) 9.Jarvis Cocker 10.JP Simões 11.Thom Yorke 12.Damon Albarn (Blur, Gorillaz, The Good, The Bad and The Queen) 13.Dean Wareham 14.Alex Kapranos (Franz Ferdinand) 15.Camané Damon at 11:02 da tarde Um saxofone pegajoso cola-se-me aos ouvidos. Dá boleia à voz de dor de dentes de Brett Anderson. Adoro esta voz e as lágrimas que me provoca. Adoro a aspereza dos poemas atrapalhados, amargos e atrapalhados, como quem precisa urgentemente de fazer sangrar uma veia. Vinte para a uma – e não uma e vinte como no relógio do costume – e não arranjo coragem para me ir deitar e ainda ao jantar jurava a mim próprio que ia para a cama cedo. Escondi as desistências num filme, um daqueles onde nunca ninguém está sozinho. A não ser o espectador. Esbocei entusiasmo na recta final da autobiografia de Ingmar Bergman. Li as últimas páginas, interiorizei e o entusiasmo já era. Fiz pesquisa para um possível romance, brincando aos escritores fiz de conta que a amargura serve para alguma coisa, neste caso, de inspiração. E não resisti a este apelo. Nesta altura, o saxofone deu lugar ao piano. Cada um no seu canto. Sozinhos. A voz do Brett Anderson continua dorida e dolorosa. Adoro a dor da voz dele. Uma pessoa habitua-se. Etiquetas: brett anderson, desabafos, inglaterra Damon at 12:49 da manhã O tema é quente. Para todos e para quem, em especial, se prepara para regressar a um país onde nunca viu um contrato. Expectativa pouco convincente: será que o facto de ter um mestrado vai resolver o problema? Mmmm… A meu ver, há um problema de base, que tem a ver com a filosofia do patronato português - Estado incluído. A busca do lucro fácil, a ignorância de questões básicas como o relacionamento com os trabalhadores ou a motivação dos mesmos, fazem com que esta exploração corra mal para os dois lados. Tenho 30 anos, sou licenciado, tive vários empregos antes de deixar Portugal para tirar um mestrado e investir na vida. Nunca vi um contrato, apenas os malditos recibos verdes. Nunca - ou quase nunca - me senti motivado. Por onde passei, a maioria dos meus colegas estava na mesma situação. Como é que a empresa podia lucrar com isso? Falta de visão, é o que vos digo. Em Portugal, há muito "chico-esperto" e muito pouco "chico-inteligente". Etiquetas: economia, emprego, precariedade Damon at 3:06 da tarde Etiquetas: fascinante, sabonete Damon at 6:03 da tarde O filme faz todo o sentido. O timing é perfeito, é a altura ideal para olhar para trás, particularmente para as décadas referidas. Numa época em que há tanta gente a ouvir La Roux sem saber quem foram os New Order, a usar malas retro, acessórios retro, a conduzir carros retro, faz todo o sentido. Acima de tudo, realça-se o sentido de humor, o cinismo com que a já referida nostalgia é tratada. Saudável. Muito saudável. E Pedro Ribeiro, acertaste na mouche (o meu Word quer que eu ponha “acertaste na mousse”, vá-se lá saber porquê), o Pisang Ambon fazia mesmo lembrar Tantum Verde. Resta esperar que uma obra destas tenha espaço e tempo de divulgação. Abaixo, está o trailer. Lá mesmo à beirinha, depois de clicarem, estará o filme, em duas partes. trailer do documentário "Uma na Bravo Outra na Ditadura" from Andre Valentim Almeida on Vimeo. Etiquetas: andré valentim almeida, cinema, documentário, uma na bravo outra na ditadura Damon at 6:45 da tarde Etiquetas: animais Damon at 6:47 da tarde É assim. As pessoas, tal como os frascos de molho. O conselho do mundo dos adultos é: rejeitar se o botão central – onde quer que ele seja – estiver deprimido. No mundo dos adultos, as pessoas tristes são objectos indesejados, impróprios para consumo. Se entretanto saírem desse estado, então tudo bem, o que interessa é que riam e sobretudo façam rir. As pessoas no mundo dos adultos tal como os frascos de molho – baratos, práticos, descartáveis. Vou continuar a ver o “Where the wild things are” para aprender com as crianças, os monstros cabeçudos e o Spike Jonze que, no fundo, é uma mistura dos dois. Etiquetas: cinema, desabafos, inglaterra, molho, pessoas, where the wild things are Damon at 7:16 da tarde Etiquetas: 500 days of summer, cinema Damon at 2:56 da tarde Etiquetas: desabafos, inglaterra Damon at 8:56 da tarde
Etiquetas: ingmar bergman, livros, urinomania Damon at 8:55 da tarde “Carga perigosa nas axilas de Cadete.” Se ele se refere à carga escondida nos sovacos do ex-ídolo do Celtic, isso já não sei. Mas lá que é bonito, é. Mainada. Etiquetas: axilas, cadete, futebol, vítor correia Damon at 1:49 da tarde Estes dois carros estão sempre parados à porta do meu prédio. E sempre com um lugar vago entre eles. Na opinião dos meus vizinhos, pertencem a alguém que raramente conduz; a meu ver, estão lá para me fazer pensar. Nomeadamente no que “SOU” e no que “FUY”, com “Y”, o que talvez ainda seja mais doloroso. Lembram-me que há um lugar vago entre o meu passado e o meu presente, a maioria das vezes à sombra. Normalmente atravesso a rua de forma a passar entre os dois, comparando-os. O facto de ter sido um Volkswagen Passat, robusto embora económico, e ser agora um Fiat Cinquecento, frágil mas prático, não me incomoda por aí além. O que me incomoda mais é o terceiro carro, um que dificilmente vou encontrar por aqui, o “SEREI”. Etiquetas: carros, inglaterra Damon at 7:09 da tarde
VER AQUI Já sabia que dificilmente o meu guarda-redes português preferido (e o mais detestado pelos seleccionadores nacionais – a par de Baía, no caso de Scolari) continuaria no meu clube. Afinal, todos os anos o Quim era dispensado, segundo a imprensa. Alguma vez acabariam por acertar. Pelo menos, foi para dar lugar – e que chorudo lugar – ao guarda-redes suplente do Atlético de Madrid. Assim, uma das poucas posições que não tinha ninguém a falar espanhol vê finalmente atingido esse objectivo – aparentemente uma prioridade para a direcção do Benfica. Quanto ao George Lucas, bem, essa é que foi a surpresa. Impossibilitado de contratar o mesmo número de estrelas – que falem espanhol, claro – que os chamados “grandes”, o Sporting de Braga apostou tudo em levar para o Minho o realizador, produtor, etc. d’ A Guerra das Estrelas. Algo de que Quim também pode beneficiar, visto que no Benfica nunca fez guerra – e vejam no que resultou – e também nunca foi estrela, apesar de brilhar mais do que a maioria dos guarda-redes da liga. Damon at 6:48 da tarde Tal como continuo a ouvir a voz estridente que teima em chamar uma chinesa com uma familiaridade de nome: “Paaai! Paaaai!”. Mesmo depois de me dizerem que passaram semanas desde que Pai e a sua amiga estridente – e as suas mãos aparentemente leves que surgiam pesadas no confronto com a madeira da porta – regressaram ao outro lado do mundo. Da mesma forma, como uma flauta, como um chamamento, como uma mão batendo à porta, continuo a ouvir os vizinhos de baixo perdendo-se num caminho que claramente percorreram já muitas vezes: o do prazer. Mesmo agora, que o apartamento onde viviam pede novos inquilinos. São estes sons que me entretêm. Enquanto aguardo o nascer do sol. Etiquetas: inglaterra, música, sons Damon at 4:05 da tarde Sonhei com ele, esta noite. É verdade. Discutíamos a sua velha dama peninsular, o desejo de que acima de tudo fossemos ibéricos. Eu dizia-lhe o que efectivamente penso, que acima de tudo, não. Sou muito mais português do que ibérico. Felizmente, Saramago era muito mais escritor do que político. Eu admirava-lhe a perseverança das ideias mas, mais do que qualquer outra característica – se é que se lhe pode chamar assim – amava-lhe o génio das mais criativas correspondências. Ali. A partir do nada. Um novo romance representava uma oportunidade de me sentir mais próximo de um mundo viciante. Muitas vezes feio. Mas viciante. Os livros estão cá e hão-de estar. E isso é tudo. Etiquetas: literatura, saramago Damon at 5:15 da tarde Damon at 6:20 da tarde Descobri, por acaso, ao ouvir a NME Radio online, que há um senhor alemão que se inspira em mais do que o quotidiano para fazer música. Como acontece nestas situações, ouvi a canção, gostei do som, fui ver o título – um invulgar “If this hat is missing I have gone hunting” – e fui conquistado, ali, sem apelo nem agravo. A música dos Get Well Soon é a voz sofrida de Konstantin Gropper, a utilização consciente de diferentes instrumentos na altura certa, as letras inspiradas, a atmosfera consistentemente melancólica que rodeia todo o trabalho. “Vexations” é um grande álbum, novinho em folha. Antevejo muitas audições. Outro homem-banda é o senhor Neil Hannon. Mas este para mim já não é novidade. Há muito que deixei de esperar outra coisa que não génio dos Divine Comedy. Um erro. Apesar de continuar a classificá-los adolescentemente como “a minha banda preferida”, o novíssimo álbum, “Bang goes the Knighthood” soa a desilusão. Lá dentro existem boas canções, mas não as habituais pérolas que me fazem fechar os olhos para me concentrar na música. Nem todos os álbuns podem ser “Fin de Siècle”. O século ainda agora começou… Etiquetas: get well soon, música, o que ando a ouvir, the divine comedy Damon at 11:25 da manhã Um homem gordo, de cachimbo preso nos lábios, aproximou-se, transpirando o mesmo mal que me trouxe aqui. Que me leva a todo o lado. Cumprimentámo-nos. Em passadas pouco subtis, foi-se chegando. Olhando-me de alto a baixo como um detector de metais. Não sei se passava mais tempo a ver o mar ou a minha expressão de dúvida. Disse-me “está a ficar fresquinho. Ainda bem que trouxe a minha camisola”. Eu respondi com sorrisos e leves acenos. Olhava-me para a mochila, o que me levou a pôr a hipótese de estar perante mais do que um mero curioso. Foi só passados alguns pensamentos que me apercebi do perigo daquele homem de olhar rebaixado ser eu daqui a vinte anos. Desejei-lhe uma boa noite e fui-me embora, contrariado. Damon at 11:09 da tarde Lá fora: Casas de montanha com grandes varandas observadoras de vales e montes e das misteriosas – porque ainda não tive oportunidade de as investigar – chaminés da Cornualha. Cá dentro: O ruminar rítmico da máquina. Eu, com olhar absorvente apontado ao roteiro descrito no folheto. Um homem que discute os assuntos do dia consigo próprio. Lá fora: As chaminés, altas e magras, misteriosos tubos que se escondem entre as árvores e se distinguem pela ausência de folhas e flores. Um rio que tímido aparece. Cá dentro: Um grupo de jovens bem-parecidos, bem-vestidos e bêbados, discute a melhor maneira de usar o extintor da carruagem para o entretenimento dos passageiros. Lá fora: O rio cresce, deixando para trás essa timidez de recém-nascido. As casas desaparecem, cedendo à natureza todo o protagonismo. Cá dentro: Um segundo grupo de jovens, não tão bem-parecidos, definitivamente menos bem-vestidos, igualmente bêbados, junta-se à festa no outro extremo da carruagem. Lá fora: A beleza inigualável das pontes. Rio de ambos os lados, a ilusão de voar. Lá em baixo, as descontracção ajudada de uma aldeia conquistada à paisagem pelos hippies. Cá dentro: Um dos jovens menos bem-parecidos rouba o bilhete a um dos jovens bem-vestidos, mesmo a tempo de o mostrar ao revisor. Anuncia-se a guerra entre dois grupos de jovens igualmente ansiosos de adrenalina, igualmente bêbados. Lá fora: Dois rios que se acenam, sabendo que acabarão por se encontrar. Uma luz triste reflecte neles e inspira os poetas que andam de comboio. Uma árvore morta, caída na terra com ar descansado. O anúncio do fim. Da viagem. Cá dentro: Ânimos mais calmos. Pequenas provocações e trocas pouco precisas de olhares. O homem continua a discutir consigo próprio, sem conclusão à vista, ao contrário da estação de Plymouth, no horizonte próximo. Lá fora: A polícia aguarda os dois grupos de jovens. Cá dentro, na minha ingenuamente distorcida percepção, vão ser presos pelo crime de viagem mal-aproveitada, ofensa à paisagem pela indiferença demonstrada ao não olhar pela janela; lá fora, talvez sejam repreendidos por vandalismo e roubo de bilhetes. Que apenas lhes serviram para viajar de A para B. Quem é que anda de comboio para isso?... Etiquetas: comboio, inglaterra, plymouth Damon at 9:01 da tarde Hoje, apeteceu-me ser pai. Não que amanhã já não queira. Não que isso nunca me tenha passado pela cabeça. Pelo contrário, há muito – eu diria desde que penso no assunto – que tenho esse desejo. Como um horizonte, não como uma realidade palpável e imediata. Mas hoje apeteceu-me ter nos braços uma criança – menino ou menina, pouco importa – que me observasse com o orgulho reflectido nos meus olhos e me chamasse “papá”, “pai”, “daddy”… Bah, estou certo de que consigo aguentar mais algum tempo. Damon at 5:51 da tarde As séries, ao contrário dos filmes, são muito mais do que instantâneos que se guardam na gaveta depois de vistos uma vez. Duas, três, quatro, que seja. Continuam a ser memórias isoladas. As séries tornam-se hábitos, rotinas como o café dos domingos de manhã ou a ida ao bar, à sexta à noite. Isso acontece mesmo que as vejamos de uma assentada e não esperando pela tradicional transmissão televisiva. Seis temporadas equivalem a muitas horas, acima de tudo a uma ilusão de cumplicidade extraordinária. Não fosse uma – desejável – racionalidade a relativizar as coisas, e o fim do Lost equivaleria a uma amarga despedida de muitos amigos chegados. Claro que entretanto outras séries tomarão o seu lugar e rapidamente me habituarei a “sair” com outras pessoas, noutros sítios, com outros temas de conversa. Ao longo da série, houve – como é normal em qualquer um – personagens que fui sentindo mais próximas, por razões diferentes: pelo carácter, pela beleza, pela qualidade do actor ou da actriz. Por estes e por outros motivos dificilmente explicáveis sem a ajuda de um psicanalista, o Locke, o Sawyer, o Ben Linus, o Desmond e – claro – a Kate destacaram-se das outras, mesmo tendo em conta o inegável talento do Matthew Fox (Jack) ou do Naveen Andrews (Sayid). Aos actores que deram vida a todas estas personagens, espero vê-los em breve noutras paragens. Mesmo correndo o risco de os confundir com os passageiros do voo Oceanic 815 e consequentes conhecimentos. Damon at 6:04 da tarde Engraçado como, ao pôr a cabeça fora da janela, logo após o vento fazer esvoaçar as cortinas como as velas de um barco, senti simultaneamente o cheiro dos passeios solitários pelos relvados nocturnos do Algarve, nas férias eternamente sós da minha infância, com os meus pais, e o odor quente de uma tarde caminhando – solitário, muito solitário – ao lado do rio Tejo, ao ver partir em definitivo uma adolescência duvidosa. Etiquetas: desabafos, inglaterra Damon at 10:16 da tarde
Hoje não caminhei até à praia. Para quebrar rotinas. Para fingir que a vida pode ser interessante. Até pode. Principalmente se eu fingir. Fui à universidade despedir-me da actriz com quem trabalhei recentemente. Acabou o curso. Vai em busca de aventura. Eu também. Vim para casa cumprir desejos subversivos de arroz doce e tentar escrever mais um pouco. Tenho um português que fugiu da sua terra em busca de final feliz à espera que eu lhe dê de comer. Não sou eu, entenda-se. É uma personagem. Entre episódios de "Life on Mars" que me dão vontade de ouvir David Bowie e a vigia do tacho, vou sarrabiscando o monitor. De vez em quando, páro para ter saudades. Etiquetas: arroz doce, david bowie, desabafos, inglaterra Damon at 5:36 da tarde Nesta avenida as árvores Filtram-me o sol, Impedem-me as insolações, Dão ritmo ao meu vento Que anda dentro de mim, Revolto como um mar de oxigénio Desejoso de se fazer à estrada Que vai dar à praia. Quero dar-me de beber Ao mar, secar as pétalas Que carrego há anos Numa mala de papel pautado. Quero dar-me. As pétalas secas Nas páginas feias dos meus sonhos São ainda assim mais bonitas Do que os meus olhos quando acordo. Quero dá-las. Esta avenida é longa Como os meus braços estendidos, Ninguém vem à porta Para me receber. Sigo com as árvores. Etiquetas: poema Damon at 9:42 da tarde Também nunca me esquecerei do dia em que vi o Benfica ser campeão em Cardiff, País de Gales, acompanhado de um fantástico grupo de portugueses, numa casinha simpática, com uma gatinha adorável, numa emissão online de um canal francês. Esse dia foi hoje. Viva o Benfica! Etiquetas: benfica Damon at 11:56 da tarde Etiquetas: desabafos, estrelas, tempo Damon at 1:13 da manhã O regresso a casa. Pastel de nata, água das pedras, café como deve ser. Só é pena o tempo me parecer tão inglês. Onde está a minha primavera? Etiquetas: água das pedras, café, desabafos, pastel de nata Damon at 6:05 da tarde Dias como hoje. O suposto fim-de-semana condensado num só dia, porque de sábado e de domingo estes dois últimos tiveram muito pouco. Queria descansar, tirar 24 horas para compor o desenho, fazer as compras da semana, tratar da roupa… Mas quis a estranha e despropositada mente humana que uma névoa deprimida caísse sobre mim. Fiz as compras, só não tratei da roupa por falta de trocos, mas não descansei. Dentro de mim, uma angústia empurrava-me para o fundo de um dia falhado. Acabei a ouvir Rodrigo Leão e a tentar ler sem conseguir, porque uma onda de pânico me sobrevoou a cabeça o tempo todo. Etiquetas: chewbacca, desabafos Damon at 6:34 da tarde “When I was a kid I made myself sick on marmelada, Portuguese quince jelly. (…) Once I sneaked a gulp of port too. I thought I’d die; it tasted like bad medicine. My tastes have changed, but ever after that I wanted perversely to be Portuguese.” “Of all the European powers they took the world in their hands the earliest, and hung onto it the longest.” “I’d like to find out, to journey in a country which adds up to somewhere much bigger than the sum of its parts.” Paul Hyland, “Backwards out of the big world”, Flamingo. “Hyland’s masterly prose defines perfectly an instant in the evolution of one of Europe’s most fascinating states” Guardian Books of the Year. Damon at 4:21 da tarde Sentei-me num banco virado para o campo de cricket. Tentei ler mas senti-me facilmente distraído pelo miúdo cuja mãe tentava ensinar a andar de bicicleta. Há algo de mítico nesse processo. Dizem que nunca se desaprende. A criança sorria descaradamente de cada vez que pedalava mais do que uns metros sem cair. Eu sorria com ela. Cinco minutos depois, chegou outro aprendiz do mesmo ofício. Mas este era diferente. Adolescente quase adulto. E é curioso que, mesmo com as quedas de ambos, uma diferença saltava à vista: tudo era tão natural na forma como o miúdo pedalava, como se a bicicleta fosse cúmplice da aprendizagem; ao contrário, o adolescente parecia alguém perdido em frente a um electrodoméstico complicado. Pensei: “bem, as bicicletas têm realmente mais que se lhes diga do que simples metal com duas rodas”. A literatura precisa de mais histórias de bicicletas. Etiquetas: bicicletas Damon at 6:03 da tarde Descobri o rio. Lá estava, atrasado e preguiçoso, arrastando pequenos ramos como souvenirs, ao longo do caminho. Alimentando-se de porções de lama dissolvida. Vi-o, quase escondido atrás do movimento da auto-estrada. Os meus sapatos, cobertos de uma estranha sopa de terra. Mas senti-me privilegiado. Tal como o corajoso cão de três patas e o homem de olhar viajante que o acompanhava. Damon at 9:34 da tarde
Entre os lençóis Entre os lençóis, Temo o nevoeiro, Temo o tempo que leva A que a noite passe E chegue o sol E depois o sol não chega, Apenas a chuva E essa traz na mala As lágrimas de mais alguém. E eu não quero as lágrimas De mais ninguém, Tenho as minhas E as de todas as personagens Que inventei em noites como esta Numa tela que parece branca Mas é uma cova invertida, Mais funda do que o poço da morte, Mais feia do que uma beldade com más intenções. Entre os lençóis, Entre os lenços Que me afagam a testa suada Mas não impedem os pés De tremer ao tocar o ar frio, É assim que me deixo, Desta forma indigna que me abandono Aos cuidados da mãe nocturna. Temo o regresso De uma alma desejada Porque temo que o seu peso Quebre o vaso da minha eloquência (Alguém escreveu “FRÁGIL” na embalagem, Fui eu) E eu não quero juntar pedaços infinitos Às gavetas cheias do pó que, soprado, Me confunde a luz e as horas. Etiquetas: poema Damon at 8:48 da tarde
Um passeio à beira-mar. Pequeno-almoço tardio na esplanada. Torradas. Sumo de laranja. Conversa. Muita. Partilhar uma história ou duas. Regresso a casa. Não muito longe. Ver um filme. Pensar no jantar. Fazer o jantar. Ouvir música. Tudo tão fácil, do lado de lá dos sonhos. Damon at 7:13 da tarde
Nunca tinha sentido a neve no meu cabelo. Hoje de tarde, no meu caminho solitário para a universidade, apercebi-me de que não chovia; aquilo eram pequenos pedaços de céu que me refrescavam o rosto. Quando voltava para casa, ainda nevava. Na noite feita, o contraste entre o céu escuro e aqueles farrapos brancos que o rasgavam tornava-se ainda mais óbvio. Caminhava ao lado de uma colega, bem mais habituada ao gelado fenómeno, na longínqua Rússia. Nunca me senti tão sozinho como naquele momento, entre a multidão de flocos. Etiquetas: desabafos, inglaterra, neve Damon at 12:30 da manhã
Do sítio onde coloquei o cadeirão, no estúdio onde vivo, consigo ver o céu. Pela posição rebaixada em que me encontro, se olhar lá para fora, vejo apenas o azul, o branco, o cinzento, ocasionalmente um pássaro, um avião ou um helicóptero. Isso quer dizer que, quando me sento no cadeirão e olho lá para fora, não vendo os prédios, as pessoas, as ruas, posso-me imaginar em qualquer sítio do mundo. Gosto particularmente de o fazer ao som de música. Hoje são os Guillemots. Etiquetas: cadeirão, céu, inglaterra, macaco, sonho Damon at 4:27 da tarde Etiquetas: aniversário, blog Damon at 7:12 da tarde Etiquetas: desabafos, inglaterra Damon at 7:20 da tarde
Corpo Luminoso A luz veio. Da esquerda, liberal e libertina, Rasgou a tela mas não te magoou, A luz reconheceu-te. Bateu-te no rosto. Delicadamente. Deliciadamente. Sobreviveu no teu peito, Onde vive toda a forma, Todo o gesto delicado, Ponto de partida para Todas as viagens impossíveis. Absorveste-a. A luz fundiu-se Na tua pele solar, Ficou por lá, passeando Entre a multidão De sombras. Quando te viraste, Protegendo os olhos do fogo, Sorrias. Etiquetas: poema Damon at 4:07 da tarde
Etiquetas: homenagem Damon at 10:41 da tarde - O historial de Sá Pinto como jogador não deixa grande margem para dúvidas. Quando me apercebi de que era ele o substituto do Pedro Barbosa como dirigente do Sporting, esfreguei as mãos à espera do filme à Jackie Chang. Só tive que esperar dois meses. O diálogo entre o emotivo jogador e o pseudo-português Liedson, a acreditar n’ A Bola, é absolutamente ridículo. Lamentável que um dirigente jovem não tenha um pouco mais de sangue frio. - As gravações dos telefonemas de Pinto da Costa foram postas no YouTube. Atenção, que não são imitações à Contra-Informação. Dei-me ao trabalho de ouvir algumas dessas obras-primas e devo dizer que a riqueza visual da linguagem é notável. Ainda que fosse a falar de feijões ou de canalizações, a baixeza daqueles discursos devia ser suficiente para pôr aquelas pessoas a ver o sol aos quadradinhos. Deprimente. Cómico mas deprimente. Etiquetas: circo, escutas, futebol, pinto da costa, sá pinto Damon at 5:00 da tarde
Etiquetas: johnny cash, música Damon at 10:17 da tarde
Quem me conhece sabe bem que sou uma mistura de ET com velho dos Marretas no que diz respeito às chamadas “redes sociais”. Para mim, coisas como o Facebook são instrumentos de ilusão, oportunidades de exibicionismo, ferramentas banais, por muito que tenham evoluído desde o tempo do fútil Hi5. Por isso, quando soube que ia ter uma aula de escrita para o Twitter, não sabia bem como reagir. Fui, por curiosidade, sem grande expectativa. A verdade é que… continuo mais ou menos na mesma. Alguém mencionou a descoberta de há alguns anos, quando tudo indicava que os livros iam começar a ser escritos por SMS… Claro… Com o Twitter, parece-me mais ou menos a mesma coisa. Até pode ser que resulte, mas não me imagino minimamente interessado pelo fenómeno. De qualquer forma, foi-nos sugerido escrever uma história ou adaptar um livro. Resolvi pegar num argumento escrito há dias, simples e curto, baseado num conto escrito em mirandês. Para quem se quiser dar ao trabalho de ler o resultado…: THE BALL Não se esqueçam que têm de ler de baixo para cima... Damon at 7:39 da tarde Entrei. Pasmei perante a figura encantadora, cheia de meninice, que me perguntou de imediato “Eat in? Take out?”. Empregada? Filha do patrão? Não sei mas, como é óbvio (um óbvio tradicional), tropecei nas palavras. Sentei-me. Recuperei o fôlego enquanto procurava reflexos nos vidros. Foi-me servido o café (“espresso”) por um senhor de bigode. “Pena”, pensei. Mas a sua simpatia deixou-me a pensar que talvez não fosse assim tão mau ser atendido por um barrigudo careca. “De onde és?”, perguntou. “Portugal.” “Oh… Mas tens sangue árabe! Sê bem-vindo!” Sorri. Sim, é bastante provável que o tenha, um sangue que recua séculos no tempo. Podia ter-lhe dito “No meu país, por questões que nada têm a ver com a cor da pele, há quem me chame ‘mouro’…” Mas calei-me. O café (“espresso”) era muito bom. Acho que vou ceder a esta tentação mas regularmente. Etiquetas: café, inglaterra Damon at 3:45 da tarde O meu pensamento não vai tanto na direcção da Índia e de toda a sua rica história. Tudo isto faz-me pensar no enorme potencial cómico que Portugal tem para entreter o resto do mundo. Escritores e argumentistas do nosso país, olhem à volta, para a forma de conduzir dos portugueses, para a forma como nos atendemos e desentendemos em lojas e cafés, para a assiduidade de políticos e saltimbancos no nosso parlamento, para recibos verdes e cunhas – ai as cunhas – e burrocracias e para a forma como estacionamos no lugar do deficiente e nos estamos a (…) para isso, para os autarcas pegados de estaca e para os presidentes de clubes de futebol, etc. etc. etc. Não nos falta material. Somos um saco azul carregadinho de presentes para a inspiração literária e cinematográfica dos nossos criativos. Etiquetas: cinema, india, literatura, portugal Damon at 5:32 da tarde
Etiquetas: blog Damon at 4:33 da tarde
http://saritamoreira.blogspot.com/ Etiquetas: blog Damon at 6:01 da tarde Para que o dia me pareça menos grave, apesar de triste. Menos cinzento, apesar da ausência de cor para lá dos cortinados azuis e dos tijolos corados das casas clonadas. Para que um horizonte de fechar os olhos em êxtase me conduza para lá do parque de estacionamento de um supermercado que, apesar de caro, não tem qualquer tipo de brilho. Oiço a versão do Morrissey, mas o que eu queria mesmo era a voz da Audrey. Etiquetas: audrey hepburn, desabafos, inglaterra, moonriver, música Damon at 2:41 da tarde
Chuva. Em cima do piano. Demasiada luz. Apetece-me um serão aquecido pela obscuridade das velas. Uma presença. Cá dentro. Uma ausência, lá fora, preenchendo os espaços entre os aguaceiros. Chuva silenciosa. Em cima do piano. As teclas acompanhando o ritmo dos meus passos. Cá dentro. Etiquetas: chuva, desabafos, inglaterra, piano Damon at 9:24 da tarde
Há surpresas destas. Más, muito más. Quando a minha mãe, ao telefone, me deu a notícia da morte macabra do ex-guarda-redes do Benfica, fiquei sinceramente emocionado. Não porque o admirava como jogador, que chegou com a difícil tarefa de substituir o insubstituível Michel Preud’homme, e logo me convenceu, apesar da juventude. Sim porque sei que era um óptimo exemplar da espécie humana, daqueles raros exemplos de generosidade, principalmente num tema que me toca em particular: os animais vítimas de abandono. Na altura em que jogava no Benfica, Enke abriu um abrigo para animais abandonados, em Lisboa. Foi disso que ouvi falar, nunca de excentricidades malucas ou arrogância, como acontece regularmente com jogadores de futebol iludidos pela fama e pelo dinheiro. Depois de perder uma filha, Enke não aguentou a pressão, mesmo com a possibilidade bastante evidente de representar a sua selecção no Mundial do próximo ano. O comboio que o colheu levou com ele uma vida de respeito. Espero que o meu clube não me desiluda e lhe faça a devida homenagem. Etiquetas: animais, benfica, homenagem, robert enke Damon at 9:39 da tarde Etiquetas: música Damon at 7:11 da tarde
Etiquetas: homens sensíveis Damon at 12:52 da tarde
É pena que as necessidades da mente não se ajustem aos relógios. E à distância. Neste preciso momento, apeteceu-me conversar com alguém que me conheça. Senti uma ligeira asfixia e quis abrir a janela e gritar. Mas em português. Nada de grave. Etiquetas: desabafos, inglaterra Damon at 2:33 da tarde Etiquetas: blog, inglaterra Damon at 12:35 da tarde
Damon at 4:50 da tarde
Há notícias que nos atingem como o arrepio do wasabi num restaurante japonês. Depois de breves instantes de incómodo, lá nos recompomos. É mais ou menos isso. Costumo dizer que não gosto de surpresas, talvez por não me sentir confortável no momento do susto. Como todos, aliás. E quando não a percebo, a notícia torna-se corrosiva. A distância aumenta o suspense. Estou aparvalhado. Mas hei-de concluir que tudo não passa do mais natural dos instintos. Etiquetas: desabafos, surpresas Damon at 11:32 da manhã Acabei hoje de ler o livro de todas as polémicas em Portugal. Confesso que não me satisfez, não pelas ditas questões que têm aparentemente feito disparar as vendas do romance, mas pela escrita apressada que se sente a partir de certa página. Gosto muito do escritor Saramago, mesmo estando muito longe do político Saramago e a alguma distância do cidadão Saramago. Esperava mais de “Caim”. E compreendo que possa chocar os mais comprometidos com o alvo das críticas. A mim não me choca. Estava frio na praia. O que não impediu a presença de inúmeras famílias nas suas areias. E cães, muitos cães simpáticos. Vi mesmo algumas adolescentes despidas de preconceitos nadando em roupa interior naquele mar gelado. Imagem bonita. Agora, estou constipado… Outra vez. Etiquetas: bournemouth, caim, inglaterra, livros, mar, praia, saramago Damon at 6:57 da tarde Trabalho intenso. Preocupações. Primeiras desilusões. Saudades – mais ninguém as tem. Assim se pode dizer que têm sido os últimos dias. Como a curva trepa pelo gráfico acima para logo a seguir cair numa cova escura, aí como aqui. Gente difícil. Como eu. Talvez não como eu, mas difícil, de qualquer forma. Eu, sozinho entre a multidão. Estrangeiro reforçado pelas minhas ideias: não gosto de beber, não fumo, não gosto do facebook, oiço música alternativa; o pior de tudo – por vezes sinto-me triste. Etiquetas: desabafos, inglaterra Damon at 1:30 da tarde
Hoje é o primeiro dia. Mais um primeiro dia que me faz pensar em Sérgio Godinho e na sua canção profética que eu adoro. Daqui a pouco vou encontrar uma universidade a abarrotar de nacionalidades e intenções. Isto tudo com as minhas bem presentes. As intenções, quero dizer. Sonhei com o meu antigo emprego. Passo as noites em Portugal, entre os meus cães, sítios que quis trazer comigo e, pelos vistos, trabalhos de outra vida. Etiquetas: inglaterra Damon at 10:48 da manhã
E ao quinto dia, choveu, acrescentando a nitidez à ideia de que estamos mesmo em Inglaterra. “E estamos”, respondeu em coro o grupo por vezes designado “Nações Unidas”. Sim, também há ingleses por aqui mas, para já, o sítio parece ter sido colonizado por nós, criaturas multicoloridas, com sotaques mais ou menos estranhos, mais ou menos estranhamente familiares. Suponho que o núcleo duro do grupinho que teve a sorte – nada de ironia, é verdade – de se encontrar na espécie de quintal desta residência é composto por: um português que tem que explicar porque tem sotaque inglês; um sul-africano; uma austro-húngara de origem alemã que tem sotaque americano; uma grega; uma francesa; um indiano da Índia; um indiano de outro planeta, que me faz sorridentemente lembrar um amigo açoreano de outro planeta também :-) Cinco dias depois, começo seriamente a desejar que não nos desencontremos quando as aulas começarem. Etiquetas: chuva, inglaterra, nações unidas Damon at 10:47 da manhã Bournemouth, Inglaterra. Etiquetas: desabafos Damon at 10:11 da manhã
A suspensão do Jornal Nacional de Manuela Moura Guedes é, acima de todas as suspeitas que possam existir, uma bênção para os amantes do jornalismo. A TVI aliás não faz jornalismo, apenas se limita a prolongar o longuíssimo departamento de ficção. Olha, porque não pôr a Mariana Monteiro a apresentar o Jornal Nacional? O conteúdo era o mesmo e o espaço “noticioso” ganhava contornos bem mais… aprazíveis… Gosto muito de bebés. E normalmente os bebés gostam de mim, tenho que admitir. Mas também devo confessar que ultimamente tenho receio de olhar para eles e sorrir. Isto anda tudo viciado e, com ou sem razão, há pais que já nem isso toleram. O que está mal é que isso geralmente só se aplica quando somos nós, homens, a tomar a iniciativa. Pergunto eu: não há mulheres mal-intencionadas? Damon at 12:20 da manhã Etiquetas: noite Damon at 12:21 da manhã Etiquetas: desabafos Damon at 1:24 da manhã O Benfica entrou no campeonato com as pernas tortas. Não que tenha jogado mal. Não que tenha jogado muito bem. Não vale a pena arranjar desculpas, mas é um facto que os jogadores do Marítimo são extremamente frágeis, vem uma brisa e desequilibram-se. Isto ainda agora começa e já promete, principalmente grandes anti-jogos de futebol sem brilho. AJUDEM A UNIÃO ZOÓFILA. Em boa hora reparei nestes anúncios em plena Lisboa, logo gravei o número no meu telemóvel e agora posso – e podemos todos – aos bocadinhos – por uns míseros 60 cêntimos dar uma refeição a um animal abandonado. Não custa – quase – nada. 760 501 015 Etiquetas: animais, benfica, raul solnado, união zoófila Damon at 11:35 da tarde Deixou-nos uma das minhas personalidades preferidas, não só no desporto, como a todos os níveis. Bobby Robson, que em Portugal nunca treinou o meu clube, foi sempre um exemplo de dignidade e simpatia. Cheguei a quase passar por portista para chegar a ele. Tinha o desejo de o conhecer, o meu pai negociava regularmente com um portista ferrenho – tinha a fábrica pintada de azul e branco –, homem de alguma influência junto do papado, na altura em que Bobby Robson treinava o Fêquêpê. Nunca conseguiria nada se denunciasse o meu benfiquismo – horror, tragédia, infâmia – por isso, preparava-me para entrar camuflado no estádio das Antas e ser apresentado ao meu ídolo quando o Barcelona se adiantou e o levou para Camp Nou. Diz quem o conhecia que, para além da força, do bom humor, da educação – que exibiu até ao último momento –, tinha uma enorme sensibilidade para com os menos afortunados. Eu diria, recorrendo à vulgaridade das frases feitas, que já não se fazem homens assim. Farewell, Sir Bobby! Etiquetas: bobby robson Damon at 2:27 da manhã Etiquetas: barretes, bota, carapuças, pé Damon at 12:35 da tarde Etiquetas: andar a pé, mar, murros, violência Damon at 9:15 da tarde Vejam: Rita Sá Etiquetas: ilustração, rita sá, vídeo Damon at 12:44 da tarde Etiquetas: exposição, fotografia, litoral Damon at 2:38 da tarde Damon at 10:06 da tarde Pronto, fui pela primeira vez ao casamento de um amigo. Daqueles amigos da minha idade, portanto, cuja vida e suas etapas acabam por ter um maior impacto em mim. Não vou a muitos casamentos, por isso, acabo por precisar de esclarecimentos ao longo da cerimónia, particularmente na igreja, onde me sinto completamente a mais. Mas não são esses “pés pelas mãos” a que me fui habituando com regularidade que mais me fazem pensar. É a cena típica de um filme “pipoca”: o solteirão, nostálgico e introspectivo, no casamento do amigo. Sem namorada. Sem uma “escort girl” para disfarçar. Sem nada, a não ser outro amigo – caso único – na mesma situação. Como já deixei claro, a cerimónia religiosa pouco ou nada me diz, a não ser o respeito que me merecem as crenças mais ou menos fundadas dos outros. Mas é a ocasião em si. Eu podia dizer que o casamento me é indiferente, que o que interessa é estar com a pessoa que amamos. E esta última parte é sem dúvida preponderante. Mas eu sou assim, gostava de viver numa casa à beira-mar, com um cão e um gato, a mulher que eu amo e um rebento só nosso. E também gostava de casar. E não me imaginava “tão” solteiro por esta altura da vida. Bom, que o Pedro e a Joana sejam felizes para sempre… Etiquetas: casamento, desabafos Damon at 7:01 da tarde in BU’s Essential International Welcome Guide Não é bom sinal… É das atitudes mais irritantes dentro do género “eu estou-me a borrifar para o próximo”. Se as pessoas não querem saber a resposta, então porque perguntam? Porque se convencionou… E há convenções que são extremamente desumanas, egoístas. Cómodas, como qualquer convenção. Eu sou daqueles que não hesitam em responder “não, não está tudo bem” quando me colocam perante essa não-questão “olá, tudo bem?”. É que não faz sentido. Pressuponho ingenuamente – ou teimosamente – que a pessoa que inquire está interessada, nem que pelo mínimo de altruísmo, em mim. Não querem a verdade, então poupem letras e saliva. Tenho dito. Com toda a honestidade possível. Etiquetas: desabafos Damon at 1:01 da manhã Poucos sabem reagir à tristeza. Dissemo-lo e bem. Na verdade, é bem mais fácil partilhar uma piada numa noite de copos mais ou menos cheios, conversar sobre a vida (dos outros) do que lidar com alguma amargura alheia que necessite urgentemente de uma mão pousada na cabeça. Às vezes, é preciso saber ficar triste com o amigo, mais do que tentar mesmo animá-lo. As piadas por vezes fazem-nos chorar. Mas poucos sabem verdadeiramente conversar com um amigo triste sem entrar em pânico, em excessos de tentativas reanimadoras ou pura e simplesmente na mais egoísta das reacções: o frete. Aqueles que conseguem lidar com as crises dos outros merecem um aplauso, ainda que pouco mais recebam do mundo do que isso. Damon at 11:04 da tarde E os amigos são também estes inocentes bichos que adoro e que me adoram de uma forma totalmente inocente, porque inconsciente. Vi parte do debate na SIC. Não o suficiente para tirar conclusões que não tivesse já tirado. Mas ainda fico chocado com a podridão humana. Obrigado, Rodrigo Guedes de Carvalho, por trazer o tema à baila, a bem de uma humanidade desejosa de evolução. Etiquetas: amizade, animais, desabafos Damon at 12:32 da manhã Damon at 12:50 da manhã Etiquetas: chuva, desabafos, quase Damon at 12:51 da manhã Etiquetas: cinema, música, viver Damon at 10:03 da tarde Whether to write Or too wrong... Damon at 2:03 da manhã Vou enviar para Inglaterra o DVD que marcou aqueles meses de 2004. Que saudades das filmagens na Afurada, no Palácio de Cristal (schhhiu, clandestinas), na estação de comboios abandonada… Tem um cheirinho a adrenalina bem aplicada, esta curta-metragem, pioneira dos vencedores do LSI Dourado… Vai servir de amostra de tempos (bem) passados, lá em Bournemouth. Com o DVD, vão estes três seres estranhíssimos da fotografia, o Bum, a Bella e o Basil, bem como o sensível Manel, o terrível Inverno, a fria Luísa, o frustrado Graham, e muitos outros… Esperemos que eles sejam “sensíveis”, se percebem a ideia… Etiquetas: cinema, homens sensíveis Damon at 11:00 da tarde Está um fim de tarde daqueles. Eu aqui, a ouvir a “Hold Still”, com o David e a Ritinha, enfim… Parece que viajo e gosto e não gosto. Mergulhei em poemas velhos ou antigos, já nem sei. Recordei revoltas de adolescente e tive saudades. 1997. Tanto tempo. E nada. Estes fins de tarde continuam a ser daqueles. E eu continuo a vê-los com a mesma sensação. Do mesmo sítio. No mesmo número. Etiquetas: david fonseca, desabafos, música, pôr-do-sol, rita redshoes Damon at 6:50 da tarde
Eis uma lista de canções que me andam na cabeça ultimamente: 1.Franz Ferdinand – Ulysses 2.The Hours – Back when you were good 3.Morning Runner – It’s not like everyone’s my friend 4.The Hours – Ali in the Jungle 5.Kaiser Chiefs – Never miss a beat 6.Franz Ferdinand – Live Alone 7.Lily Allen – The Fear 8.The Hoosiers – Cops and Robbers 9.Goldfrapp – Clowns 10.Morrissey – Piccadilly Palare Etiquetas: música Damon at 11:54 da manhã
Cá estou eu, Mais uma vez, Frente ao espelho. Fina tela de gozo. Espera por mim todos os dias. É como se do outro lado Eu fosse mais feio, Pior ainda porque o vidro Se foi riscando Com o cair da areia Da erosão dos tectos. Cá estou, no entanto, incapaz De me pôr a andar, Dar de frosques A toque de corrida, Sem nunca voltar o pescoço Para dizer adeus. Limito-me a Contemplar a figura odiada, Desejar outra em lugar dela, Chego a ter pena do que vejo. Fico aqui horas a fio, Cosendo incapacidades, Inércias e indecisões. Etiquetas: poema Damon at 6:09 da tarde
Damon at 11:22 da manhã
Quero chover, Encharcar de mim os teus cabelos, Dar brilho à tua pele esquecida De amor, de abraços, de apoios. Fazer história, correr rua abaixo, Em direcção ao rio turvo, Onde se misturam as lágrimas E os químicos, lavada a roupa suja, Quero polir as pedras, Esculpi-las das memórias Da minha passagem por ti. Quero riscar as luzes, Criar ilusões nos reflexos, Fazer-te sorrir, acreditando Na inocência das águas, As mesmas que matam em alto mar. Que me bebas, Que me chores, Que laves em mim os dedos cansados, Que te queixes dos meus dias, Usando-me como desculpa Para as horas em que és insuportável. Prefiro chover eu. Não gosto que chovam pedaços de céu. E não quero que sejas tu A desfazer-te em dias cinzentos. Etiquetas: poema Damon at 3:43 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |