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Longe da luz Já nem a vida te sobra, Nem o peso das horas anotadas num bloco Numa letra que os meus olhos ainda reconhecem, Já nem o tempo te ergue o olhar. Por aqui, entre o martelar das teclas, Sente-se ainda o odor dos frutos que despertam Ao pôr-do-Sol, embalados por ramos que dançam. O sorriso do Sol é-me familiar. Por aí, onde a chuva não chega Mas também não há luz nem esperança, A música é uma forma de tempestade, Uma forma seca de ver as coisas em movimento. E o que me leva a escrever-te ainda, É a tal esperança que existe por aqui, A certeza de que o Sol ser-me-á familiar de novo, amanhã, Mesmo que o não veja. Mesmo que seja apenas o meu desejo a desenhá-lo Num bloco parecido com o teu. E o que te leva a ficar por aí, Pousada nessa cadeira de espinhos, A poucos centímetros daqui? Damon Durham. Damon at 6:31 da tarde
De momento, chovem ideias, Tentativas de contrariar a tendência para o nonsense, De momento, são apenas ideias, Nada mais do que argumentos ordenados à sorte. A seguir, Vou-me meter no metro por uns dias, Viajar de um lado para o outro, conhecer caras ensonadas E sonhos de outras pessoas que uns dias não são nada Outros julgam-se donos de um mundo, Qualquer que ele possa ser. Hei-de achar, por entre a multidão, Temas, ideias, influências, imagens que anotarei, Transformarei em desculpas para não dizer o que sinto E entregar-me-ei ao trabalho de encontrar Novos talentos com jeito para a representação. A seguir, Emigro para a América, a terra da liberdade, Onde há batatas fritas da liberdade e todos são livres Enquanto não sabem o que é a liberdade, E em conversas perdidas em sonhos erguidos do nada, De novo, «...mas desta vez é que vai ser» seguido de «oh, yeah!», Esquecerei o português e tudo o que nele escrevi. Ah, mas e as retrospectivas...? E as imagens de arquivo, as dramáticas provas De que um dia o passado foi presente? A seguir, Vou para casa, fazer novos filmes, Comédias ingénuas com a inocência de um Kubrick, Imagens lisas que não me façam lembrar de nada, Sem cenas de beijos nem tempo para bocejos, Sem Cary Grant nem Clark Gable nem Ingrid Bergman Nem Audrey Hepburn, Definitivamente sem Audrey Hepburn, A sua visão tem demasiado significado. A seguir, Vou viajar de balão à volta do mundo, Sou capaz de ficar pelo Tibete, Onde não haja cinemas onde as luzes se apaguem E as cadeiras de veludo me lembrem de tudo E isso lembra-me de um momento em que eu e tu E a seguir fechei os olhos e pensei em ti E a seguir pensei num filme para fazer E a seguir talvez já não me lembre de ninguém Nem mesmo de mim E isso lembra-me que Damon Durham. Damon at 4:38 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |