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quinta-feira, novembro 13, 2003
Os nervos

Estou numa esplanada. Sim, uma esplanada. Daquelas com cadeiras e mesas e chávenas que fazem ruídos chatos, com ritmos chatos e as pessoas chatas conversam e têm a ousadia de rir e a lata de mencionar a palavra proibida. Que lata, a das pessoas: virem para o pé de mim rir e falar de uma palavra de que não se fala, sente-se, consente-se, combate-se.
Por que é que está vento? Por que é que o céu ameaça ruir em cima de mim e do meu portátil sob a forma de água que ainda por cima cai suja, por causa dos americanos e do seu desrespeito pelo ambiente. A culpa é toda dos americanos. E do Durão Barroso. E do Paulo Portas. Eles têm culpa do vento e da chuva e da esplanada e da palavra proibida. Devia haver uma lei que proibisse a proibição de palavras. Assim, talvez ninguém a dissesse. Talvez mais gente a sentisse, a consentisse, não a combatesse, antes combatesse por ela. Talvez mais gente se sentasse por aqui, talvez eu não. Talvez eu voasse e corresse e fosse até à praia sentir o sabor da espuma do mar e da saliva. Não, eu não menciono a palavra proibida.
À volta da esplanada, só há prédios e carros. Detesto carros cinzentos. E ainda por cima todos os carros são cinzentos, agora. Detesto-os. Eu tenho um carro cinzento. O meu pai tem um carro cinzento. Conheço muita gente com carros cinzentos. Bem, depende do tom de cinzento, então. E os prédios também são cinzentos. Limpo as lentes dos óculos. Talvez haja cinzento a mais do ponto de vista dos meus olhos. Não gosto dos meus óculos. Têm a armação preta, que é uma forma de cinzento mas visto à noite.
Tenho medo da noite. Tenho medo das pessoas coloridas que escondem em si a loucura e têm a lata de dançar e rir e contar anedotas. Às vezes, mencionam a palavra proibida. Raramente a sentem, consentem ou combatem por ela. Conduzem os seus carros cinzentos até ao ponto de encontro. Entram em prédios cinzentos e julgam que lá por se cobrirem de tecidos às riscas coloridas e dançarem ao som de ritmos mais chatos que o das chávenas a bater em cima da mesa da esplanada… Julgam que lá por contarem piadas e rirem e falarem na palavra proibida como quem fala num quilo de carne picada para hamburgers… Julgam que lá por eu ter medo de que o mundo agora seja assim, uma picadora gigante e de que a palavra proibida venha em pacotes que se atiram à cara da outra pessoa (vulgo monte de carne picada) em forma de piropos que metem nojo aos meus olhos castanhos que vêem cinzento… Eles julgam que lá porque eu tenho medo deles, me assustam.
«Don’t mention love», diz o Morrissey, a única pessoa com um feitio pior do que eu.
Desculpem lá, são os nervos.

Damon at 7:16 da tarde


Bem, anunciava eu a chegada de um novo e interessante blog quando, quase como que por e-magia, o Pedro Rios me convidou para me juntar ao leque ilustre que forma o entrehistórias. Pois bem, é com muito orgulho que passo a fazer parte da equipa de contadores de histórias de «the next big thing» da blogosfera...

Damon at 2:27 da tarde

domingo, novembro 09, 2003

Ainda não está nos «lugares que valem a pena» por razões técnicas mas há-de estar. Vão a http://entrehistorias.blogspot.com/ que este blog ainda vai dar que falar!

Damon at 6:37 da tarde