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segunda-feira, fevereiro 23, 2004
Canção do momento: The Divine Comedy, «Last stand in metroland»
Frase do momento: «Não falamos a mesma língua.»

Enfrentemos a noite selvagem. Peguemos nalgumas das nossas roupas quentes, nas armas brancas que escondemos debaixo da almofada, que aquecemos em noites transpiradas, as armas brancas que herdámos dos nossos pais em dias de chuva. Já temos o telemóvel carregado com bombas que enviaremos por SMS a inimigos de cabelo vermelho, insignificantes vítimas da sua própria irrelevância. A Lua chama-nos, escreve SOS num brilho que todos sabem não ser seu, mas que ela teima em assumir como propriedade sua. Vamos. Veste o casaco, compõe a gravata, acerta o relógio – não te esqueças de tirar o som que dá as horas para não acordar ninguém – e acompanha-me numa rusga pela cidade rural, tão rural que das suas varandas ainda se consegue ver o céu. Lá fora, seres com grandes cabeças tentam capturar-nos com risos diabólicos. Mais não conseguem do que cair na armadilha do ridículo. Mulheres volumosas de olhos virados do avesso varrem as ruas na esperança de limpar os últimos vestígios de limpeza. Somos nós que temos que salvar o mundo. A tarefa não é fácil, não somos norte-americanos. Mas avancemos. Enfrentemos de sorriso nos lábios, a noite selvagem. Com aquela canção nos altifalantes do carro, talvez D. Sebastião apareça por cá. Talvez Fernando Pessoa se levante e traga com ele um exército de heterónimos.

Damon at 11:50 da tarde