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sábado, março 08, 2003
O momentâneo regresso das palavras... mas sempre, sempre no mesmo tom...

O gravador de discos compactos

Faço colectâneas de canções tristes,
Ordeno-as de forma a lembrarem qualquer coisa.
Passo as horas a escolher a melodia certa
Para cada migalha do bolo do passado.

Desenvolvo pensamentos obscuros,
Depressões que se arrastam como correntes,
E os sorrisos surgem como um esgar,
A lembrança de não haver nada novo para lembrar.

Só à noite, o corpo treme,
Afasta os lençóis para sentir o frio
Como última esperança de vida,
E o bater das horas no meu corpo
Perde o sentido, oiço a sirene dos bombeiros
E sei que não há fogo que se pegue a mim,
Provavelmente outro cano rasgado pelas garras do tempo,
Provavelmente outra inundação.

Jogo cartas escritas por ninguém,
Ordeno-as cronologicamente.
Às vezes faço as devidas correcções ortográficas,
Às vezes altero-lhes o sentido.

Não me esqueci da ginástica,
Ando de um lado para o outro, dentro do quarto,
Atiro raios que acendem o rádio
E oiço mais canções tristes cujo nome
Anoto num papel amachucado,
Porque sei que as ouvirei muitas vezes ainda.

Damon Durham.

Damon at 9:35 da tarde


Já não sei falar. Desaprendi a linguagem. Troquei a palavra por sonhos a contar que eles fossem o meu ganha-pão. Agora, hipotequei as palavras «beijo», «abraço», «amor», entre outras de diferente valor e cotação na bolsa. Não tenho tecidos que me aqueçam, nem alimentem nem matem a sede. Já não sei falar. falar Já sei não. linguagem Troquei «beijo» valor tenho Não fossem «amor» sede palavras matem

Damon at 7:22 da tarde

quinta-feira, março 06, 2003

Like Tom Tom and Eloise

In the heart of the soul
Is where we've hidden our gold,
We watch the oranges grow like stars,
From wherever we are.

The sky is a big dark cloth
Where we sometimes get lost
And there's no need to come back,
We have eachother's heart to feed us.

I find the way in your body,
I see oceans and deserts
And fill them with water
That grows up in the sky.

«I let you drive me like crazy,
I don't mind if you call me Cadillac...
We are kings of our own pathway,
Made of flowers and colours
That the people don't know...»

To the sky we go
Nothing can stop us now,
To the sky we go
Like Tom Tom and Eloise
To the sky we go
In the moment that we kiss.

We can jump
People will see us go down
But they're dumb
'Cos we're angels playing round
Safe in our own playground,
We're shining like flashing stars
Our blood is melted candy bars
And our hands are together
So this is how the sky looks like.

Damon Durham.

Damon at 1:01 da manhã

terça-feira, março 04, 2003

Café Vianna, Braga,
13 de Fevereiro de 2001.


O chafariz explode
À minha frente
Escondendo, por momentos,
O edifício do McDonald’s,
Mas nunca por muito tempo.

A senhora dos pensos
Faz negócio na mesa ao lado,
E o puto romeno
(Pelo menos, ele diz que é)
Reclama num meio-português
Com o empregado do café
Que o manda embora.

O cigano vende rosas
Em véspera de S.Valentim
Mas, não imagino porquê,
Nunca se chega perto de mim.
Por que será?

Mais uma vez,
A água se eleva.
Sem que alguém se aperceba,
Ela quase toca o céu
Azul num Fevereiro
Que podia servir de exemplo
Para o ano inteiro.

O chafariz
É a única morte para a sede,
Que um Deus-Homem não quis
Que esta cidade tivesse rio
Ou mar para a contemplar.

Como a água,
As vozes também se elevam,
Os amigos conversam,
Os colegas dizem coisas,
Os solitários lêem o jornal.

Numa mesa ao canto,
Bebendo aguardente,
Um homem silencioso
Faz-me lembrar, de repente,
O Vasco Graça Moura.

Que disparate!
É apenas mais um habitante
Desta cidade quase grande
E nem deve saber, sequer,
Quem é o Vasco Graça Moura.

Distraio os olhos na praça,
Vendo quem passa:
Os que sorriem vêm do trabalho;
Os que olham o chão
Vão para lá.
A mim, não me enganam...

Misturam-se gerações:
Homens de chapéu e gabardine
(Mesmo num dia de Sol)
E radicais de cabelo espetado,
Calças largas e cachecol
(Mesmo num dia de Sol...).

E eu já paguei o café,
Comi o chocolate
Que me deram
E tenho que ir à Sé,
Pagar a conta da água.

Ai, ai! Pagar a conta da água
Numa cidade sem rio nem mar...

Damon Durham.

Damon at 4:24 da tarde

domingo, março 02, 2003

Fatboy, stop crying

So you were the one embedded in sorrow…
A caricature of people who don’t believe in tomorrow…

Your days were spent at night,
Looking for a star in the sky
That should accept you as a child,
To protect you from the big ghost world.

Fatboy, stop crying,
You’re not as good as you think you are,
Rise and shine like a butcher’s knife,
Choose your weapon and fight for life,
It’s a question of pride.

You used to see love as a prize for the lucky ones…
But love is a trophy that you conquer with guns…

So do your dance, you’ll have the chance
If you show them your meanest smile,
The devil’s eyes and a fashionable hairstyle,
We can see you’re tired of being an angel

Fatboy, stop crying,
Dry those tears that have killed you for years,
Drink and drown but own the town
With arrogance, they’re only clowns,
Buy your pride with mastercard.

That’s what you’ll have to think
After you pay your drinks
If things don’t look good tonight…

Damon Durham.

Damon at 2:35 da manhã