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O momentâneo regresso das palavras... mas sempre, sempre no mesmo tom... O gravador de discos compactos Faço colectâneas de canções tristes, Ordeno-as de forma a lembrarem qualquer coisa. Passo as horas a escolher a melodia certa Para cada migalha do bolo do passado. Desenvolvo pensamentos obscuros, Depressões que se arrastam como correntes, E os sorrisos surgem como um esgar, A lembrança de não haver nada novo para lembrar. Só à noite, o corpo treme, Afasta os lençóis para sentir o frio Como última esperança de vida, E o bater das horas no meu corpo Perde o sentido, oiço a sirene dos bombeiros E sei que não há fogo que se pegue a mim, Provavelmente outro cano rasgado pelas garras do tempo, Provavelmente outra inundação. Jogo cartas escritas por ninguém, Ordeno-as cronologicamente. Às vezes faço as devidas correcções ortográficas, Às vezes altero-lhes o sentido. Não me esqueci da ginástica, Ando de um lado para o outro, dentro do quarto, Atiro raios que acendem o rádio E oiço mais canções tristes cujo nome Anoto num papel amachucado, Porque sei que as ouvirei muitas vezes ainda. Damon Durham. Damon at 9:35 da tarde
Damon at 7:22 da tarde In the heart of the soul Is where we've hidden our gold, We watch the oranges grow like stars, From wherever we are. The sky is a big dark cloth Where we sometimes get lost And there's no need to come back, We have eachother's heart to feed us. I find the way in your body, I see oceans and deserts And fill them with water That grows up in the sky. «I let you drive me like crazy, I don't mind if you call me Cadillac... We are kings of our own pathway, Made of flowers and colours That the people don't know...» To the sky we go Nothing can stop us now, To the sky we go Like Tom Tom and Eloise To the sky we go In the moment that we kiss. We can jump People will see us go down But they're dumb 'Cos we're angels playing round Safe in our own playground, We're shining like flashing stars Our blood is melted candy bars And our hands are together So this is how the sky looks like. Damon Durham. Damon at 1:01 da manhã 13 de Fevereiro de 2001. O chafariz explode À minha frente Escondendo, por momentos, O edifício do McDonald’s, Mas nunca por muito tempo. A senhora dos pensos Faz negócio na mesa ao lado, E o puto romeno (Pelo menos, ele diz que é) Reclama num meio-português Com o empregado do café Que o manda embora. O cigano vende rosas Em véspera de S.Valentim Mas, não imagino porquê, Nunca se chega perto de mim. Por que será? Mais uma vez, A água se eleva. Sem que alguém se aperceba, Ela quase toca o céu Azul num Fevereiro Que podia servir de exemplo Para o ano inteiro. O chafariz É a única morte para a sede, Que um Deus-Homem não quis Que esta cidade tivesse rio Ou mar para a contemplar. Como a água, As vozes também se elevam, Os amigos conversam, Os colegas dizem coisas, Os solitários lêem o jornal. Numa mesa ao canto, Bebendo aguardente, Um homem silencioso Faz-me lembrar, de repente, O Vasco Graça Moura. Que disparate! É apenas mais um habitante Desta cidade quase grande E nem deve saber, sequer, Quem é o Vasco Graça Moura. Distraio os olhos na praça, Vendo quem passa: Os que sorriem vêm do trabalho; Os que olham o chão Vão para lá. A mim, não me enganam... Misturam-se gerações: Homens de chapéu e gabardine (Mesmo num dia de Sol) E radicais de cabelo espetado, Calças largas e cachecol (Mesmo num dia de Sol...). E eu já paguei o café, Comi o chocolate Que me deram E tenho que ir à Sé, Pagar a conta da água. Ai, ai! Pagar a conta da água Numa cidade sem rio nem mar... Damon Durham. Damon at 4:24 da tarde So you were the one embedded in sorrow… A caricature of people who don’t believe in tomorrow… Your days were spent at night, Looking for a star in the sky That should accept you as a child, To protect you from the big ghost world. Fatboy, stop crying, You’re not as good as you think you are, Rise and shine like a butcher’s knife, Choose your weapon and fight for life, It’s a question of pride. You used to see love as a prize for the lucky ones… But love is a trophy that you conquer with guns… So do your dance, you’ll have the chance If you show them your meanest smile, The devil’s eyes and a fashionable hairstyle, We can see you’re tired of being an angel Fatboy, stop crying, Dry those tears that have killed you for years, Drink and drown but own the town With arrogance, they’re only clowns, Buy your pride with mastercard. That’s what you’ll have to think After you pay your drinks If things don’t look good tonight… Damon Durham. Damon at 2:35 da manhã
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |