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domingo, setembro 04, 2005
cançao do momento: green day, «wake me up when september ends»

Tram 25

Atravesso a ponte
Já o Sol faz a cama onde se deita.
Subo todos os andares
De todas as torres que se erguem
Como casas de papel a tres dimensoes,
No quadro a minha frente.

E sobre os carris, continuo.
Entras na próxima estaçao,
Sobrevoando o chao em passos leves,
De olhar baixo, para nao acordar os sonhadores
E nao lhes desviar os caleidoscópios
Para sonhos mais difíceis de concretizar.

Aproximas-te.
Sabes que ao meu lado
Nao há rio que te leve,
Regime que te oprima
Ou velho viagradependente que te assedie
Com estalidos da língua obscena.

No prenúncio da próxima estaçao,
Misturamos as cores,
A escuridao dos meus olhos
Pede alguma luz emprestada
A serenidade dos teus
E, a partir daí, em micromomentos,
Colhemos frutos e flores
Nas margens de cada um de nós.

Sorris, mas és tímida.
Talvez para nao desvendar
O pequeno arame que te prende os dentes,
Indicando-lhes um caminho para crescer
Na sua juventude desencontrada.

Nao faz mal.
E encolhes os ombros
Num arrepio súbito,
Como se sentisses os beijos
Das minhas maos no teu pescoço.

Estamos quase a chegar.
Saio na próxima paragem
E vou visitar museus e palácios
E lojas de recordaçoes.

Por entre os teus lábios,
Oiço-te dizer:

«Corre comigo,
Apesar de teres as pernas em chamas.
Dança, pega em mim ao colo,
Eleva-me aos astros mais serenos,
Também eles feitos em fogo.

Ama-me,
Apesar do teu coraçao
Nao ser mais do que um céu choroso,
Uma arma que, a qualquer momento,
Pode disparar contra si própria
E fazer chover
As palavras erradas.»

E eu?
Eu sou um turista,
Uma nuvem que rasteja e vai embora.
Hao-de passar muitas épocas altas
Até que nos encontremos de novo.

Praha, 28-8-05.

Damon at 7:46 da tarde