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Há já algum tempo que espreitava este café discreto, com aspecto de negócio familiar, numa rua que desagua naquela onde todos os dias passo. Admito que o que me impedira, até agora, de ceder à tentação e entrar, fora a diferença de alguns pence para o preço do café (“espresso, please”) nos outros sítios, já por si demasiado caro. Tenho andado a ceder a tentações (ontem foi o pequeno-almoço tardio à beira-mar) porque há momentos em que é preciso. Desde que não nos distraiamos demasiado… Entrei. Pasmei perante a figura encantadora, cheia de meninice, que me perguntou de imediato “Eat in? Take out?”. Empregada? Filha do patrão? Não sei mas, como é óbvio (um óbvio tradicional), tropecei nas palavras. Sentei-me. Recuperei o fôlego enquanto procurava reflexos nos vidros. Foi-me servido o café (“espresso”) por um senhor de bigode. “Pena”, pensei. Mas a sua simpatia deixou-me a pensar que talvez não fosse assim tão mau ser atendido por um barrigudo careca. “De onde és?”, perguntou. “Portugal.” “Oh… Mas tens sangue árabe! Sê bem-vindo!” Sorri. Sim, é bastante provável que o tenha, um sangue que recua séculos no tempo. Podia ter-lhe dito “No meu país, por questões que nada têm a ver com a cor da pele, há quem me chame ‘mouro’…” Mas calei-me. O café (“espresso”) era muito bom. Acho que vou ceder a esta tentação mas regularmente. Etiquetas: café, inglaterra Damon at 3:45 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |