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As horas mortas Horas que morrem, Atropeladas por autocarros Desgovernados, Cruéis e ávidos de tempo, N?o as vejo E atravesso sempre Na passadeira. As horas moribundas, Gordurosas, Transpiradas pelo excesso De exposiç?o ao sol, Acenando, a custo, Os ponteiros desiguais, Um para cada lado. Horas que morrem E que matam Porque d?o que pensar E sobretudo Porque d?o tempo para pensar. Horas cruéis! N?o tenho tempo Para ver as horas Que morrem, Deixo-as morrer Numa eutanásia cobarde De quem tem medo De ter tempo. Damon at 12:52 da tarde Vem brincar comigo Para o jardim, Construir utopias Com baldes de areia e água. Apetecia-me. Muito. E acho que pior do que ter saudades de alguém é ter saudades de alguém que achamos que nao tem saudades nossas. Damon at 9:13 da tarde
Acordo. Mais cedo do que posso quando posso acordar tarde. Abro os olhos. Suspiro. Nao posso pensar no que me leva a suspirar. Sinto uma batida mais forte. Nao posso pensar no motivo da aceleraçao. Por fim, cedo. Entro na viagem da paranóia de ideias. Misturo imagens, cenários, hipóteses remotas e pessoas com argumentos que “nao posso esquecer de anotar qualquer dia”. Fico assim uns bons minutos. Sendo que é um conjunto determinado de minutos que forma os meses, os anos, os séculos… Finalmente, depois de suficientemente sozinho, depois de desiludido q.b., levanto-me a custo porque me apetece adormecer. Apetece-se que seja o gajo sorridente que é o subconsciente a gerir os acontecimentos. Levanto-me. Música on. Nada de muito mexido. Entro na paranóia dos factos incontornáveis e indesmentíveis. "that's 'cause I'm a... Sister, I'm a... all over this town" Morrissey. Damon at 11:31 da manhã durante estes primeiros tempos de estágio, tenho pensado bastante e só tenho pena de nao ter oportunidade para anotar a maior parte dessas reflex?es. No entanto, durante um fim-de-semana carregadinho de informaç?o para trabalhar, arranjei uns modestos cinco minutos para vir até cá escrever uma coisa em que tenho andado a pensar. Ao longo deste tempo, tenho-me surpreendido com a facilidade em comunicar, de um modo geral, com as pessoas ligadas a cultura do nosso país, em particular, a musica e recentemente, as artes. Há uma ingenuidade positiva nos nossos artistas, uma espécie de consciencia de que o país é pequeno e nao tem espaço para narizes demasiado erguidos ao céu. Durante esta semana que passou, dei por mim a pensar que, por vezes, apetece-me mais ser amigo dos meus entrevistados do que o jornalista que lhes faz perguntas. Nesta profissao, persegue-se demasiado a polémica, nao se valorizam as conversas descontraídas, sem o intuito de procurar desesperadamente os podres inevitáveis de cada um. A essas conversas chamam eles «fait-divers»... Excepç?o feita a um ou outro caso, conheci esta semana várias pessoas muito simpáticas, que trabalham como eu para serem reconhecidas naquilo que fazem. Nao desejei nunca denegrir-lhes a imagem ou encurralá-los num beco sem saída. Quis conversar com eles, enquanto se bebe um café, saber as suas histórias. Essa é, sem dúvida, uma das raz?es da minha luta pelo jornalismo cultural. Com o devido respeito: qual congresso do PSD, qual carapuça!... Damon at 12:11 da manhã
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |