lkkk lkjhg
quinta-feira, abril 14, 2005
As horas mortas

Horas que morrem,
Atropeladas por autocarros
Desgovernados,
Cruéis e ávidos de tempo,
N?o as vejo
E atravesso sempre
Na passadeira.

As horas moribundas,
Gordurosas,
Transpiradas pelo excesso
De exposiç?o ao sol,
Acenando, a custo,
Os ponteiros desiguais,
Um para cada lado.

Horas que morrem
E que matam
Porque d?o que pensar
E sobretudo
Porque d?o tempo para pensar.
Horas cruéis!

N?o tenho tempo
Para ver as horas
Que morrem,
Deixo-as morrer
Numa eutanásia cobarde
De quem tem medo
De ter tempo.

Damon at 12:52 da tarde

terça-feira, abril 12, 2005

cançao do momento: beth gibbons and rustin' man, «romance».

Vem brincar comigo
Para o jardim,
Construir utopias
Com baldes de areia e água.

Apetecia-me. Muito.
E acho que pior do que ter saudades de alguém é ter saudades de alguém que achamos que nao tem saudades nossas.

Damon at 9:13 da tarde


cançao do momento: morrissey, «sister, i'm a poet»

Acordo. Mais cedo do que posso quando posso acordar tarde. Abro os olhos. Suspiro. Nao posso pensar no que me leva a suspirar. Sinto uma batida mais forte. Nao posso pensar no motivo da aceleraçao. Por fim, cedo. Entro na viagem da paranóia de ideias. Misturo imagens, cenários, hipóteses remotas e pessoas com argumentos que “nao posso esquecer de anotar qualquer dia”. Fico assim uns bons minutos. Sendo que é um conjunto determinado de minutos que forma os meses, os anos, os séculos… Finalmente, depois de suficientemente sozinho, depois de desiludido q.b., levanto-me a custo porque me apetece adormecer. Apetece-se que seja o gajo sorridente que é o subconsciente a gerir os acontecimentos. Levanto-me. Música on. Nada de muito mexido. Entro na paranóia dos factos incontornáveis e indesmentíveis.

"that's 'cause I'm a... Sister, I'm a... all over this town"
Morrissey.

Damon at 11:31 da manhã

domingo, abril 10, 2005

cançao do momento: josh rouse, «1972».

durante estes primeiros tempos de estágio, tenho pensado bastante e só tenho pena de nao ter oportunidade para anotar a maior parte dessas reflex?es. No entanto, durante um fim-de-semana carregadinho de informaç?o para trabalhar, arranjei uns modestos cinco minutos para vir até cá escrever uma coisa em que tenho andado a pensar.

Ao longo deste tempo, tenho-me surpreendido com a facilidade em comunicar, de um modo geral, com as pessoas ligadas a cultura do nosso país, em particular, a musica e recentemente, as artes. Há uma ingenuidade positiva nos nossos artistas, uma espécie de consciencia de que o país é pequeno e nao tem espaço para narizes demasiado erguidos ao céu. Durante esta semana que passou, dei por mim a pensar que, por vezes, apetece-me mais ser amigo dos meus entrevistados do que o jornalista que lhes faz perguntas. Nesta profissao, persegue-se demasiado a polémica, nao se valorizam as conversas descontraídas, sem o intuito de procurar desesperadamente os podres inevitáveis de cada um. A essas conversas chamam eles «fait-divers»... Excepç?o feita a um ou outro caso, conheci esta semana várias pessoas muito simpáticas, que trabalham como eu para serem reconhecidas naquilo que fazem. Nao desejei nunca denegrir-lhes a imagem ou encurralá-los num beco sem saída. Quis conversar com eles, enquanto se bebe um café, saber as suas histórias. Essa é, sem dúvida, uma das raz?es da minha luta pelo jornalismo cultural. Com o devido respeito: qual congresso do PSD, qual carapuça!...

Damon at 12:11 da manhã