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sexta-feira, junho 16, 2006
“Poc”, diz o balde do lixo. Acabam de lhe tirar os seus maiores tesouros. Ninguém o percebe. Chamam “tralha” às únicas coisas que verdadeiramente o preenchem: bolas de papel com contas de telefone, cascas da banana que serviu para enganar o almoço, faxes que não eram desejados, páginas impressas que sairam borratadas, esferográficas cuja tinta secou… E ele só fala quando o pousam no chão. Ou quando o pontapeiam por baixo da secretária, aí é que dói. Sente-se desactualizado. Agora está na moda os baldes do lixo fazerem dietas especializadas: uns ficam com os plásticos, outros com o papel, outros ainda com as pilhas. Mas este objecto vermelho, riscado e ligeiramente lascado, ainda não se habituou às modernices.

“Tap”, diz a secretária de contraplacado quando, acidentalmente, a agrido…

Damon at 6:30 da tarde

segunda-feira, junho 12, 2006

Como se aprende a perceber os animais? Não basta esperar que os ensinamentos transmitidos os façam comportar-se tal e qual como queremos. Não podemos exigir que os nossos amigos compreendam os desejos que lhes impomos sem que nós, os tais que teoricamente nasceram para governar o mundo através uma suposta superioridade intelectual, saibamos colocar-nos no lugar deles, tentar perceber porque se zangam, por vezes, porque se deitam a um canto, porque arranham e porque mordem.
Existem homens que mordem os cães – quem diz cães, diz gatos, diz canários e todo o tipo de animais – por não saberem aceitar que também eles têm direito a revoltar-se, de vez em quando. (ler resto da crónica aqui)

Damon at 2:59 da tarde