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quarta-feira, janeiro 24, 2007
Apesar de escrever semanalmente neste suplemento dedicado ao concelho de Matosinhos, vivo, há quase vinte e seis anos, na cidade vizinha da Maia. Desde que me lembro de mim que me identifico com a terra – entretanto vila, entretanto cidade, entretanto dormitório dormente dos arredores do Porto – onde o meu pai nasceu, onde já a sua mãe tinha nascido. Gosto de viver nos imediações de uma cidade moderna que, ela própria, fica perto da segunda maior cidade do país. Ainda tenho árvores à volta da casa centenária e o comércio não fica assim tão longe. Todavia… Bem sei que os «no entanto» e os «todavia» são inevitáveis, já dizem os sábios que há sempre um lado bom e um lado mau em tudo. No entanto… preferia, sem sombra de dúvida, outros «todavia» que não aqueles que vos vou contar a seguir. (ler resto aqui)

Damon at 11:50 da manhã

segunda-feira, janeiro 22, 2007

canção do momento: belle chase hotel e quinteto de coimbra, «verdes anos»


A ética das artes

O que sei eu do fumo
Que se enrola nas nuvens
Para nelas ir ter
Não sei aonde?
Talvez saiba porquê
Mas não diga.

Abre buracos no céu,
Cimenta relações de estética,
A ética das artes.
Não se discute,
Não se pára para pensar,
Admira-se
E talvez se digam umas palavras tontas
Sobre um ismo sorteado.

Depois, este tom cinzento
Combina com a gabardina,
Combina com a plasticina
E com a sina e com o fado,
Ai que tristes que somos,
‘Bora chorar de forma construtiva:

Para dentro das betoneiras
Padroeiras parideiras
Cujos filhos, em idade adulta,
Nos tiram as nuvens da vista

E até nos esquecemos
Do fumo que se funde
Com o nevoeiro, com as nuvens,
Que sei eu das nuvens?
Que sei eu de nós
Quando até o pão for feito de fumo?

Que sei eu do fumo
Que toma conta de nós
E nos enrola nas nuvens
Para sermos cigarros de chuva?


Damon at 3:49 da tarde