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canç?o do momento: manic street preachers, «the everlasting» ontem foi um dia útil. fiz arrumaç?es no quarto, portanto, senti-me responsável. li um livro, portanto, senti-me intelectualmente activo. fiz exercício físico, portanto, senti-me fisicamente activo. fui ao teatro, portanto, senti-me culto. escrevi um poema, portanto, senti-me só. Damon at 9:32 da tarde Em Santarém, regressei ao local de tantas horas bem passadas, tantos mimos e tantos motivos para que eu reconheça, mais de dez anos depois, a importância de ter bons avós e de conviver com eles. Desci a Avenida dos Combatentes, deserta, como que a pedir o sorriso da minha avó com o neto numa m?o e a trela da Faia noutra; como que a pedir a saudaç?o e os dois dedos de conversa obrigatórios ? porta de cada casa, por trás da qual se escondia sempre uma amiga. No pátio ao pé da Escola Primária, um dia brinquei e joguei jogos inventados no momento, em noites quentes, ribatejanas como os campinos; noites ternas, ribatejanas como os meus avós. Arrisquei descer a rua de asfalto mal passado, pedras abandonadas, íngreme como a vida de alguns dos habitantes deste bairro. A meio, a casa onde devorei as melhores sopas da minha vida (incluindo a primeira que alguma vez comi); onde só se entrava para se ser bem-tratado; onde, logo ? chegada, se ouvia uma voz doce e experimentada de sorrir contra as tormentas que dizia «anda, Faia, vai lá mostrar as meias ao Carlinhos, anda…»; onde passei ser?es intermináveis a ouvir o riso da minha avó por causa da imagem pouco nítida da televis?o, por causa de qualquer coisa, pequena ou grande… Tantos anos depois, o sofá onde muitos desses sorrisos nasceram, pobre, triste, morre ao sol, abandonado ? porta. Lá dentro, n?o se v?em portas nem móveis, apenas um amontoado de objectos e pessoas misturadas como tralha. Disseram-me que a actual dona da casa é uma dessas pessoas com quem brinquei ao pé da Escola Primária. Pobre casa. Bem sei que o Bairro de Santa Isabel, em Santarém, é um bairro social, maioritariamente habitado por gente pobre. Mas um dia, do meio da rua, ergueu-se um palácio onde viveu uma Rainha. Eu apenas quis reerguer esse palácio. Mas ele já n?o existe. A n?o ser nas minhas lágrimas que s?o sorrisos porque assim me ensinaste. A n?o ser na minha memória, como um livro que nunca se esquece. Que nunca se apaga. Eterno como o teu riso. Damon at 12:29 da manhã
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |