lkkk
lkjhg
O primeiro a casar Dez anos. Quem éramos nós, nessa altura? Éramos alguém, sequer? Rapazolas que nem barba tinham, voz aguda e instável de quem, em breve, vai piar mais grosso. Parece que foi ontem ou talvez hoje de manhã. Sim, foi há bocado. Acordei com o sino infantil da campainha centenária e eras tu, por uma vez pontual. Trazias a bola debaixo do braço e no rosto a vontade de trabalhar... por um sonho recente. Não falaste das dificuldades de conciliação do emprego com a universidade, do problema das propinas, do salário mal-pago, da necessidade de ir lá para fora, trabalhar no duro. Falaste do torneio de futebol da nossa escola e de como queriamos fazer boa figura. Passámos a manhã a treinar, fazendo do portão baliza, apesar das reprimendas do meu pai. Falei-te dela (Daniela, Sílvia, Maria João, Joana...) e do sonho menino de a conquistar com flores e poemas. Falei-te dela, de certeza, porque sempre falei mais do que tu... Depois, foste apanhar o autocarro para casa e eu fui almoçar. Apanhei o metro e vim trabalhar, tentando distrair as decepções das flores murchas e dos poemas amachucados. Tu apanhaste um avião para o Brasil, para te casares. O primeiro a casar. Tinhamos dez anos quando nos conhecemos, hoje de manhã. Entretanto, ao almoço, passou tanto tempo... Damon at 4:12 da tarde
|
outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |