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terça-feira, maio 27, 2003
A fala

As palavras,
Os nossos pés mergulhados
No fundo transparente,
Sentindo nos ossos o sal líquido
E a efervescência.

A fala inocente,
O corpo humedecido, brilhando
Aguardando que o Sol o escureça
E entretanto, a língua falada,
Dos olhares à partilha das frases.

Viemos parar a esta praia
Porque tinha de ser,
Demos aos pés o direito
A refrescarem-se por instantes
E só então nos lembrámos de falar.

Só então nos lembrámos do pôr do Sol,
Do azul do céu e das marcas dos nossos pés na areia
Fina e dourada,
Já que as deixámos pelo caminho,
Já que ficaram por lá a marcar a nossa presença momentânea,
Já que existimos,
Partilhemos algo mais do que o silêncio.

Então, as palavras,
Percorrendo o ar entre as nossas bocas,
Bálsamo, analgésico, anti-pirético, antibiótico,
Loção para a pele, já que aqui viemos parar,
Deixemos que a nossa pele se misture,
Que as nossas cores se confundam.

Já que aqui estamos,
Falamos.
Há muitas maneiras de falar.

Damon Durham.

Damon at 5:13 da tarde