lkkk lkjhg
sábado, janeiro 31, 2004
Faz hoje um ano, eu escrevi um texto:

«Perdi demasiado tempo na busca de mim proprio. Sentei-me na confortavel cadeira e fiz do conformismo uma oraçao que nunca mais acabava. Encontrei-me e perdi-me na busca de alguem a quem contar que me tinha encontrado. Quando encontrei alguem, esse ser ja tinha encontrado outro alguem que, por sua vez, se procurava a si proprio. Foi entao que decidi vir para aqui, eternamente, olhar o mar, onde toda a vida se toca na limpidez das aguas salgadas, numa lagrima gigante.»

Este foi o texto que inaugurou o weblog staringatthesea. Um ano depois, continuo a olhar o mar da mesma forma, para o bem e para o mal.

Damon at 2:39 da tarde

quinta-feira, janeiro 29, 2004



Jardim de destroços

Pareceu-me ouvir a voz
Dos fracassos mais ou menos longínquos
Mas não o suficiente
Para que as suas sombras se espalhem
Por toda esta terra inflamada de lágrimas
E de folhas a quem foi sugada a vida.

Pareceu-me sentir, na cabeça,
A mão sábia e habitual das árvores,
Lembrando que o Inverno ainda agora começa,
Os glaciares ainda nem sequer chegaram
E a neve é apenas um orvalho,
As dores nos ossos
Ainda hão-de os fazer estalar
Como o vidro
E as pessoas demasiado frágeis.

Há aqui uma fonte
Sepultada na terra
Onde antes havia água.

Dos braços da fonte alguma vez
Jorrou um qualquer líquido feliz,
Uma festa de salpicos
Que mataram a sede às plantas
E aos poetas.

O lixo esquecido
Descansa em paz,
Sedento de ser mais do que isso.

O lixo esquecido
Um dia foi importante
E coube nas mãos de alguém.

O lixo esquecido
Percebe-me.

E as folhas mil vezes calcadas,
Transformadas em cinza
Sem que o fogo alguma vez se lhes tenha pegado…

Mas a solidão também queima
E arde e golpeia e as folhas
São pedaços de gente
Que um dia caiu do céu,
Ficou presa nas árvores
E um dia sucumbiu.

Ninguém rega este meu jardim,
Ninguém reanima o coração resignado de resina
Das árvores,
Ninguém se alimenta dos seus frutos tristes.

Ninguém se senta ao lado
Das árvores,
Neste banco curvado das vidas que passou
Vazio.

Ninguém escreve poemas
Com as cores escurecidas deste chão
Onde um dia alguém dançou
(Eu sei, bem vi os passos
Marcados à volta da fonte
E os sorrisos enamorados
Marcados a canivete
Nos troncos mortos dos pinheiros).

Pareceu-me ouvir a voz do tempo
A abrir-me as portas do jardim,
A convidar-me para entrar e sentar
E em seguida um choro ecoou
Para que os meus ouvidos me convencessem
A morar aqui
Como mais um dos destroços,
Como as pedras, as árvores, o pó e as sombras.

Damon Durham.

Damon at 6:12 da tarde

terça-feira, janeiro 27, 2004



Há dias em que falta a luz. Nesses dias... não sei... mas não é bom de certeza.

Damon at 11:08 da tarde

segunda-feira, janeiro 26, 2004

Homenagem a Miklos Feher (1979-2004)


Damon at 1:16 da manhã

domingo, janeiro 25, 2004

FORÇA, MIKKI!!!!


Damon at 10:34 da tarde


Dois olhos como flores,
Quero cheirá-los e não posso,
Quero beber a seiva,
Alimentar-me do mesmo néctar
E levá-los aos lábios
Para sentir a tez macia
Das suas pétalas.

Dois olhos como duas flores,
Habitantes aleatórios
De um jardim
Onde eu demoraria horas,
Semanas, meses, anos,
Décadas, séculos, vidas
Em passeios
Com pezinhos de lã
Para não magoar a natureza.

Damon at 7:21 da tarde