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segunda-feira, março 10, 2008
canção do momento: missy higgins, "sugarcane"

De Espanha não vem bom vento, mas vem bom exemplo…

Nem vou comentar a questão do “bom casamento” poder vir ou não de Espanha… Também não estou a falar das muito comentadas eleições espanholas – demasiado comentadas, quanto a mim, irrita-me a forma como nos colocamos a nós próprios no mapa como a província não-oficial deles.

Esta noite, fui surpreendido – mas não assim tanto – com a demissão de Camacho do cargo de treinador do Benfica. Não vou fazer comentários desportivos, embora possa acrescentar que me entristeceu ver um treinador que admiro ficar muito abaixo das expectativas à frente do meu clube. Quero salientar apenas a dignidade de um homem que se podia ter deixado continuar no seu lugar – era pouco provável que o demitissem – até ao final da época e depois tirar umas férias. Viu-se contestado, assobiado no seu estádio, assumiu a derrota e demitiu-se para dar espaço a quem consiga levar a cabo a tarefa que ele, assumidamente, não conseguiu. Tendo-se demitido, não tem qualquer direito a indemnização. Mas fê-lo com uma dignidade que não se vê todos os dias: no futebol, como disse Luís Filipe Vieira; na vida, e aí entra a razão do meu comentário.

Maria de Lurdes Rodrigues é uma mulher derrotada, vencida pela evidência de ter “os sócios do seu clube a assobiá-la no seu estádio”. Mesmo que “o presidente do clube” mantenha o apoio, seria uma lição de dignidade e bom-senso seguir o exemplo de José António Camacho. Talvez ela diga que a política não é futebol. É verdade. Mas em homens como Camacho, o futebol consegue ser uma actividade bem mais nobre do que a política.

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Damon at 1:29 da manhã