lkkk lkjhg
sexta-feira, fevereiro 14, 2003
Quem me dera que o meu carro sem airbag voasse em direcção ao muro de betão.
Quem me dera que dos meus pulsos jorrasse a vida até ficarem vazios.
Quem me dera que o coração parasse em vez de dar atenção a alguém que não pára de se afastar.
Quem me dera que a água corroesse e que o pão engasgasse e que os comprimidos fossem mais fáceis de engolir.
Quem me dera que a distância da ponte D.Luís ao rio Douro fosse mais pequena e não desse hipótese de recuar.
Quem me dera que a dança das armas acabasse no momento em que uma delas decidisse agir.
Quem me dera que a faca ganhasse vida e vontade.
Quem me dera ter coragem de dizer adeus.

AVISO: Não liguem ao que eu disse. Não pensem ser como eu. O mundo não gosta de pessoas tristes. O mundo prefere a hipocrisia à tristeza sincera.

Damon at 6:00 da tarde


Eis a melhor letra de sempre, escrita pelo génio de Stephen Patrick Morrissey, líder eterno de uma banda que faz falta: The Smiths.

There is a light that never goes out

Take me out tonight
Where there's music and there's people
Who are young and alive
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one
Anymore

Take me out tonight
Because I want to see people and
I want to see lights
Driving in your car
Oh, please don't drop me home
Because it's not my home, it's their home
And I'm welcome no more

And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Such a heavenly way to die
And if a ten ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure - the privilege is mine

Take me out tonight
Take me anywhere, I don't care
I don't care, I don't care
And in the darkened underpass
I thought «Oh God, my chance has come at last»
(But then a strange fear gripped me and I
Just couldn't ask)

Take me out tonight
Oh, take me anywhere, I don't care
I don't care, I don't care
Driving in your car
I never never want to go home
Because I haven't got one,
I haven't got one

And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Such a heavenly way to die
And if a ten ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure - the privilege is mine

There Is A Light And It Never Goes Out
There Is A Light And It Never Goes Out
There Is A Light And It Never Goes Out
There Is A Light And It Never Goes Out
There Is A Light And It Never Goes Out
There Is A Light And It Never Goes Out
There Is A Light And It Never Goes Out
There Is A Light And It Never Goes Out
There Is A Light And It Never Goes Out


Damon at 10:27 da manhã

quinta-feira, fevereiro 13, 2003

Amanhã é uma vida inteira

Lembras-te de quando eu dizia
Que qualquer dia era importante?
Nessa altura, o sol ainda aparecia, de vez em quando,
Levava-me a ter esperança
E a andar de camioneta pelos campos.

Não há novidades desde então,
Pelo menos, que te possam fazer sorrir,
Meu perfeito mundo, delicada flor
Inacessível, fechada no casulo das tuas pétalas,
Na elegância do teu novo sorriso.

Sou um pobre de espírito,
As ideias são muitas, valem menos de 1 cêntimo,
Tocam na rádio de vez em quando
E chamam-se recordações da vida inteira,
A maioria nunca aconteceu.

Será que me entendes?
Será que repetes as minhas palavras,
O diário neurótico de um astronauta,
Na voz encantada que me conta histórias
Todas as noites, enquanto estou a dormir?

Será que percebes
Que o espelho mente,
O presente não é mais do que
A recordação do passado,
O espelho mente
E a Joana tinha razão:
Já passei dos oitenta.
O espelho mente,
Já vivi a vida inteira,
Revivi cada momento
Num só dia sem ninguém.
O espelho mente.
E o calendário também.

Amanhã não é um dia.
É a vida inteira, todos os anos,
24 horas de um filme independente,
Sem público mas com muitas nomeações para o Óscar
Que nunca ninguém ganha porque nunca ninguém quer ser
Melhor Actriz Principal.

Amanhã não te sintas
Como eu sempre sem ti.

Damon Durham


Damon at 1:59 da tarde

quarta-feira, fevereiro 12, 2003

Aqui estou eu, de volta, vivo e sem a certeza do descanso, após a tentativa de sabotagem ao texto que escrevi antes de almoço, levada a cabo certamente por algum grupo extremista anti-americano, pedófilo, narcotraficante e defensor de um qualquer lobby da clonagem de seres humanos e fundamentalista cibernético. Vou tentar dizer tudo outra vez, socorrendo-me da minha persistência a que alguns ilustres chamariam «teimosia».
Bem, dizia eu que ia fazer um exame de CDI (Comunicações Digitais e Internet, tinha ficado a saber umas horas antes a olhar para as fotocópias, que antes nunca tinha percebido bem o conteúdo das três letrinhas). Se me corresse bem, sentir-me-ia apto a desempenhar na perfeição a função de electricista ou arranjar um mui criativo posto de trabalho numa loja de informática a vender cd's virgens a putos de catorze anos que querem gravar jogos. Sugeri então à direcção do meu querido curso (sim, aquela que de certeza não lê o meu blog) a criação de uma nova disciplinada que se poderia chamar «Tiragem de Cafés e Manutenção das Máquinas». Ser-nos-ia certamente útil para o futuro e já agora, tal como em CDI (ver primeira linha do segundo parágrafo) falamos de cabos coaxiais (tem a ver com as rãs, não é? São elas que coaxam...) e de cablagem (por causa do couro cabludo), poderiamos aprender como se cria o material que envolve a máquina de café, as diversas hipóteses de construção: alumínio, plástico... Tem tudo a ver com jornalismo porque jornalismo tem tudo a ver com tudo. Até com comunicação social, vejam lá!

Bem, pegando na parte do café, passei há bocado pelo under_grounds.blogspot.com, um sítio onde as palavras adquirem um significado novo. Gostei muito, decidi que nunca seria engenheiro (bem, já podia ter chegado a essa conclusão há mais tempo) porque gosto demasiado de poesia, muito mais do que de topologias em estrela ou em malha (prefiro casacos em malha, as topologias são muito desconfortáveis e não dão jeito nenhum no Inverno). Lá encontrei belos pedaços de poesia e até uma coincidência curiosa... Tocou-me bastante o poema «se partires, não me abraces». É curioso que a autora do texto me tenha um dia dito que eu não tinha gosto literário e que era um moralista, practicamente aconselhando-me a desistir de escrever. Quis matar-me a senhora, matar o que eu tenho dentro de mim mas não conseguiu... Bem, podia detestar o poema mas não. E conheço outros da sua autoria de que também gosto. Às vezes, o ódio é como o amor, não-correspondido.
Sinceramente, acho que este texto está bastante pior do que o que eu tinha escrito há bocado, aquele que foi vítima do atentado por parte dos engenheiros terroristas. Mas olha, foi o que se arranjou, a esta hora, já a loja devia estar fechada que o sono é tanto que me parece difícil dormir esta noite. Devo ir dar uma volta por aí, sem sair do quarto como Xavier de Maistre. Devo sonhar mais um pouco, enquanto tenho esperanças de acordar e ser tudo verdade. Bem, isso é outro assunto.

Damon at 10:25 da tarde

terça-feira, fevereiro 11, 2003

Cellar of Words

Hopelessness makes me thirsty,
A twitched body dances the end theme,
And Winter’s tears make me blind,
They just push me through the doors of time.

In this cellar of words I find the alcohol,
The liquid sentiment that drowns my soul
And little boats carrying ginger and girls
Just pass me by,
Leaving strange melodies for me to find.

The light of days has faded, now,
All I see is a river and wood and wine
In the shape of sentences I’ve never said,
That make me feel closer to the divine

«Comedy!», some may say, sciencemen probably,
But in this cellar of words I find the essence
They cannot create with laboratory rats,
In this cellar of words, I drink the message
And drunken myself on it.

Love is the one
That makes me drown my tongue
Love is the one
That could make me strong
Or a dead man.

Damon Durham (22nd November 2002)

Damon at 11:33 da manhã

segunda-feira, fevereiro 10, 2003

To my most perfect shrink

Take me where there's flowers,
Where music plays and hours
Don't hurt like bad dreams,
Take me where they're all good.

Find me a place in the mountain,
Where we could see the sunset
Everytime we wanted to,
And night was bright as day.

Take me where my eyes don't rain,
Where my being is not 90% pain,
Take me, I'll close my eyes
As you drive through magnetic motorways.

Take me away

Take me any way
This life stinks like hyperlinks,
How I hate the virtual things,
I want to touch and feel
And live
But not alone.

Take me
Whoever you are.

Damon Durham

Damon at 8:36 da tarde


Apetece-me ouvir «The girl who wanted to be a god», dos Manic Street Preachers. Pronto. É só isso. Psicossociologicamente falando, poder-se-ia dizer muito mais mas tenho uma omelete à minha espera. Desculpa. Se isto é banal. Se isto não é poesia. Não tem interesse. Apela à função selectiva do esquecimento e vai almoçar. Faz como eu.

Damon at 12:03 da tarde

domingo, fevereiro 09, 2003

A casa onde já não mora ninguém

Chegámos lá ao fim da tarde,
Tom aconchegava-se ao casaco
À falta de roupa mais quente,
O Sol estava triste e despedia-se.

Quatro paredes de histórias,
Um telhado de cabelo a cair,
E à porta um tapete roto do pouco uso,
Esperando pés que o gastassem,
Que mostrassem assim o respeito
Pela casa onde já não mora ninguém.

Tom abiu a porta que ganiu,
A luz que entrava pelas janelas incapazes
De esconder a desgraça do corpo
Era a da melancolia do fim.

Tom apercebeu-se
Da solenidade do momento.

Subimos as escadas podres,
Enfiámos os pés em buracos rotos
Outrora pontos de passagem
De passos felizes, apressados,
Em direcção a quartos onde os brinquedos dormiam.

Lá em cima, morava a memória
Adormecida em caixas de cartão e quadros
Que parecem segurar as paredes
Velhas, implorando uma eutanásia de caterpillars.

Tom e eu, sentados aos pés da cama
Onde a ferrugem substituiu o ferro
Tal como as lágrimas substituem os olhos
Quando voltamos a ser humanos.
Tom chorou.

Reconheceu naquele espaço
O abraço quente do seu passado,
O beijo na face ao deitar
As histórias contadas
E as outras, que ficaram por contar.

Naquela casa,
Já não mora ninguém.

Ficámos ali dez minutos,
Um por cada dedo das mãos
Que acariciaram o pó dos dias,
A última marca do tempo
Em que aquele sítio vivia.

Depois, saímos,
Passámos os quadros tristes,
As escadas mutiladas,
A porta que gania,
O tapete esquecido do uso...

Então, Tom fez sinal
Ao homem do capacete.
Era um bom negócio,
A vida não está para lágrimas.
E o monstro mecânico avançou
E naquela casa, já não mora ninguém,
Nem o tapete nem a porta nem as escadas nem os quadros nem a cama nem eu nem Tom.

Damon Durham.

Damon at 7:38 da tarde