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domingo, abril 27, 2003
Adormeci sentado à secretária do meu pai. Tenho um embrulho que acabei de fazer, ao meu lado. Durmo agora. Viajo por entre as planícies eternas da música dos Sigur Ròs. Não me magoo. Não entro nas cavernas que se avistam dos lados da estrada, onde senhores com t-shirts que dizem «God bless America» sorriem e mostram os dentes e os olhos se transformam em esferas de fogo. Eles desaparecem quando lhes lanço a espuma do extintor dos meus olhos. Tenho olhos azuis, por agora. Ou não, deve ser o reflexo do céu. E do mar. E do rio e da música e do vento e de ti, azul porque és sereia que se deixou tingir pela liquidez do oceano. De vez em quando jorram praias do céu e vejo o Chris Martin a correr e a dizer «It's true, look how they shine for you». E eu pergunto-lhe «Chris Martin, o que é que estás para aí a dizer?» e ele sorri como sorri quem é namorado da Gwineth Paltrow e aponta para as estrelas que nascem dos meus desejos. O terreno muda de aspecto lentamente. Os homens com olhos de fogo multiplicam-se. Nem sempre os textos podem ser felizes. Nem sempre faço anos. Perco o controlo. Mas sei que durmo. Sinto o vento e sei que é o vidro que cobre a madeira da secretária. Deixo que os homens com olhos de fogo e que se parecem perigosamente com o vocalista dos Supergrass se multipliquem até formarem uma multidão que me rodeia com gritos imbecis e queima bonés do Benfica na Avenida dos Aliados. Sei que me aproximo do fim. Mas apenas do fim de um sonho. O texto não é feliz mas podia ser pior. «Quando acordar, dou cabo deles todos, e de ti não. Tens a eternidade do sorriso recordado.»...

Damon at 8:04 da tarde