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sexta-feira, agosto 31, 2007
canção do momento: space, "avenging angels"

Está sol. É um fim de tarde soalheiro (e não “solarengo” como alguns condutores perigosos da língua portuguesa teimam em dizer). Os skaters andam de skate, os patinadores patinam… Está quase na hora de mais um fim-de-semana. Vou passar pelo supermercado asiático e comprar os ingredientes para fazer sushi – deu-me as saudades, já não me dedico a isso desde pouco antes de partir para os EUA, passaram-se quatro meses. Há sempre qualquer coisa que falta. Seja o molho de soja. Sejam um rolamento nos patins. Seja uma praia onde pousar o pôr-do-sol. Seja um amor para (se) fazer. Para (me) realizar. Há dias em que isso me deixa triste. Hoje não é um deles. Hoje sinto-me apenas incompleto.

Damon at 5:46 da tarde

quarta-feira, agosto 29, 2007

canção do momento: mika, "grace kelly" (versão toque de telemóvel)

Chegou ao Benfica um jogador brasileiro chamado Edcarlos. Não vou falar sobre as suas qualidades técnico-tácticas, a capacidade de cabeceamento ou a percentagem de faltas cometidas durante um jogo. Apetece-me dizer que o seu nome demonstra a excelente capacidade de síntese dos brasileiros. Para quê chamar-lhe Eduardo Carlos? Eu, por exemplo, devia ser Carluís. O José Rodrigues dos Santos devia ser Jorro dos Santos. E a Sophia de Mello Breyner Andresen, nome maior da cultura portuguesa do século XX, devia ter sido Somello Breydresen. Espaço é dinheiro e a tinta está cara… Poupar uns centímetros de assinatura não faz mal a ninguém.

Damon at 12:29 da tarde


canção do momento: clã, "H2Homem" (até é das que gosto menos, deles...)

Parece Inverno, hoje. Apesar de cá dentro a minha testa estar tão humedecida como é costume, apenas e só para chatear os cabelos que teimam em colar-se à pele. Mas as cores confundem-se, esbatem-se e escurecem, ao mesmo tempo, num estranho tom comum de cinza. Apenas o capacete amarelo na cabeça do homem em cima do camião vermelho das obras. O amarelo que se junta à sua versão escurecida na grua gigante para contrastar com tudo o resto. Até eu vim de cinzento, contrariando as regras para um dia feliz com chuva. Um dia grisalho. Um dia que vive a crise da meia idade a caminho do meio-dia.

Damon at 11:56 da manhã

segunda-feira, agosto 27, 2007

Joga à bola, miúdo. Despeja, sorridente, nesse mundo saltitão, todas as frustrações que ainda não conheces. Nada te pode preparar para o retrocesso que significa crescer. Também nada te pode parar. O que às vezes é pena. Nem a experiência te servirá de desculpa. A experiência traz um cesto cheio de rugas que se colam não só na testa, mas principalmente no peito, onde o coração conhece a senilidade muito antes desta chegar à cabeça. Usa-a para marcar golos, miúdo. Só te peço que o faças do outro lado da rua, para que não tentes este outro miúdo saudosista a partir o vidro asfixiante da janela e a juntar-se a ti. Isso seria incompatível com as responsabilidades inerentes ao estatuto de etc.

Damon at 12:09 da tarde