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Saudades. Muitas. É tão fácil ter saudades tuas... Damon at 2:33 da manhã Damon at 6:20 da tarde I've been staring at the sea, Waiting to see you emerge, white and stars, Every wave would be a new hope, Every storm a means to hide the tears I shamelessly cried. 23 says a lot to me, Most of it, sadly, Words of loving despair. It sings a few songs, And it looks like it hasn't sung The final one. I've been sat here, amongst the grains, Watching the waves, giving them names Of young girls, probably too pretty For I am but a soul And souls never win, these days. 23 times I've been the wind That blows over a home-baked cake, With applause and gifts and smiles, And ephemeral style, Like the time hasn't flown, Like the waves haven't grown To later die in sandy beds, Like I haven't been here all the time And only one day in the year to make me cheer. Give me 23 days to compensate These 23 years of a tricky fate. Damon Durham. Damon at 12:23 da tarde Damon at 3:27 da tarde Nunca tive muito jeito para manter as velas acesas. Do fundo da minha garganta emergia sempre de alguma forma um sopro que acabava por extinguir a fragilidade do seu lume. Para mal dos meus pecados, fui aquele que acabou por se apaixonar por uma vela. À falta de outra companhia, receoso de ficar no escuro. A história é esta. Uma noite, faltou a luz. Vagabundo dentro de minha casa, tropecei em livros que tinha aos montes espalhados por todo o quarto, em substituição dos móveis e dos retratos de família. Encontrei-a, por estrear, dentro de uma gaveta onde também havia contas de supermercado, senhas de autocarro e uma caixa de fósforos. Como se a minha vida dependesse daquele gesto, empenhei-me ao aproximar o lume do fósforo do fio morto que me pedia vida. Quando acendia vela, a casa renasceu no movimento das sombras e eu sentei-me no espaço livre da cama, à espera de uma electricidade dona do mundo, inútil sem o seu brilho. Mal sabia eu que haviam de passar tantas horas até que o sol nascesse de novo nos candeeiros do meu quarto. Enquanto esperava, observei as suas linhas, o fio de suor mole que descia pela sua pele até secar na madeira da cómoda, solitário móvel, imóvel na sombra do quarto. Apaixomei-me. Verti lágrimas de estranho amor por aquele brilho, aquela luz que me beijava os olhos num reflexo quente. Deitava-me a observá-la derretendo-se por mim. A sua chama parecia mais forte, mais viva e colorida, dançava para mim mas nunca perdia a força, nunca deixava de ser sol, por muito pequena e frágil que fosse. Eu sorria, esquecido da ausência de electricidade. Até que, após adormecer embalado pela nudez da minha chama, acordei e ela tremia, cansada de uma noite inteira a iluminar, a não me deixar perder o sentido das coisas na escuridão. Tive medo. Medo de perder aquele amor, o mais brilhante, o mais frágil, o mais efémero... Aproximei-me e pedi-lhe que ficasse. Tremia por cada pedaço de brilho que sentia perder-se na noite. Pedi-lhe baixinho que não me deixasse. Verti lágrimas e por instantes a cera também me desceu pela cara abaixo. Continuei a implorar. Numa dessas preces, o sopro que a minha voz receosa soltou, teve a força do vento, e foi o pedido desesperado de que ficasse... que a extinguiu de vez. Já não havia fósforos que a trouxessem de volta. Damon at 2:15 da tarde Às vezes, precisamos de abrir a boca para comunicar. Lançamos no ar setas de letras que nem por isso são sempre certeiras. Não como os mísseis. Felizmente não sabemos fazer guerra. Pensando bem, falamos de mais. Não precisamos das palavras. Aprendemos a química que não existe em tabelas periódicas. Aprendemos a química que não se lê, que não se escreve, que não se fala. Aprendemos a química que os cientistas desconhecem. E comunicamos sempre. MANUAL DA COMUNICAÇÃO QUÍMICA - Benvindo aos meus olhos. Damon at 3:48 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |