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quinta-feira, dezembro 16, 2010
Morreu Carlos Pinto Coelho. E é verdade, não é esta a hora própria para amargurar a forma como este grande jornalista foi tratado na hora da saída, por muito que essa tentação me bata à porta. Quero sim relembrar a importância de um homem que, para alguém como eu, que cresceu nos anos oitenta, numa casa onde a cultura nunca teve um lugar à mesa, quando muito ia-se buscar um banco à cozinha, acabou por ser informador e formador. Se a carreira de Carlos Pinto Coelho fosse um texto, eu acabá-lo-ia com reticências e nunca com um ponto final. E com muito estilo - classe - pelo meio, como o pormenor importantíssimo de saber rir de si próprio. Carlos Pinto Coelho sabia ser cromo, mas era um daqueles raros, valiosíssimos, de um craque e nunca de um jogador mediano. Somos todos herdeiros da imensa riqueza que este homem nos deixou.

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Damon at 11:51 da manhã

domingo, dezembro 12, 2010

Um Domingo em Dezembro

Não veio o vento.
Não veio a voz do tempo
Anunciando presenças
Nem ausências,
Essas notadas há já muitas folhas
De calendário.

Um bloco de notas.
Rasgado em pequenos pedaços
De linhas tortas,
Como as que o homem impotente
Mas importante
Mancha nas suas horas tristes.

Vieram nuvens,
Foi vê-las chegar
Nos seus casacos de peles,
Acenando notas de vinte
Que até pareciam gotas de chuva
Aos meus olhos patetas.

Nunca me lembro
Desta presença vazia
Nos outros dias,
Entendo tudo
Como um bom comerciante.

Nunca me sento
Nesta cadeira feia e fria
Nos outros dias,
Caminho na margem
E o horizonte é gélido
E maravilhosamente parado.

Mas o vento não veio
Hoje
E faz-me falta a sua música,
Mesmo quando tosse
Para cima de mim
E me contagia com o terrível vírus
Da melancolia.

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Damon at 5:14 da tarde