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Somos sombras. Partilhamos o contraditório conceito de espaço. Somos ambos o motivo da comparação. O mundo mudou. Gira para o outro lado, agora. Virou as costas às estrelas em direcção ao ecrã gigante onde o jogo do sexo é transmitido em directo. Estamos fora de casa. Não há tempo nem paciência para cheirar as flores silvestres. Somos incómodos. Somos um sufoco. Preocupamo-nos demasiado, amamos demasiado, choramos demasiado. Estamos fora de casa, não haja dúvidas. Andamos aos R's e S's com predominância dos S's em ambos os casos, curiosamente. Tu tens 15 anos e escreves poemas ingénuos que rimam (vejam só), todos sobre a mesma pessoa que se aloja no teu nome como uma ferida que não sentes porque ainda não nasceste o suficiente. Eu tenho 23 anos e herdo de ti as feridas mas apago a ingenuidade com uma borracha que dói, que actua lentamente, ao ritmo dos sonhos concretizados. Aboli as rimas. Os poemas são tristes. Mas são a única face visível de duas sombras que somos. Ainda somos. Presumo que enquanto tivermos direito a usar o verbo ser os outros acham-se no direito de exigir sorrisos e piadas que cheiram a merda. Ah, se soubéssemos contar anedotas porcas e usássemos na cara a lata de insultar as moradas dos nossos sonhos... Mas nós usamos na cara o que sentimos. Too bad... Damon at 2:29 da tarde O dia não presta. Há muito que a vida vivida desta forma passou o prazo de validade e a garantia há muito deixou de ser garantia de alguma coisa e o manual de instruções é agora uma relíquia escrita numa língua morta, pronta a ser exposta na Biblioteca Nacional. Como disse, um dia, o amigo Graham Alexander Durham (suponho que as palavras eram minhas, portanto, passo a citar) «I am the heir of Shakespeare's dreams and the dreamer who never tasted its true flavour.» Acordar tarde. Não falta muito, chamam-me para almoçar. Dispenso o alimento vulgar. Há outra parte de mim que morre à fome. Mantenho-a viva com o optimismo das canções tristes. Damon at 12:31 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |