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canção do momento: beck, «sunday sun» 3 velhotes num banco de rua Aprenderam com o caminhar cínico do tempo a esconder as cicatrizes. Os três. Os cem. Os mil. Esquecem ocasionalmente as ausências, conformam-se com as realidades espremendo-as num copo gasto na taberna, por entre cartas meias dobradas de tanta batota inocente e dominós apagados pela fricção dos dedos. À pedra onde pousam os pés, sentem-lhe o pulsar da vida de todos aqueles que repousam por baixo dela. E sabem-se pessoas de sorte por ainda os acolher aquele banco tosco, longe de ser túmulo (livra!), onde as tardes nunca parecem feitas de horas, mas de palavras partilhadas, gastas pelo uso, é certo, mas talvez por isso mais deles. Jogam todos na mesma equipa. Os três. Os cem. Os mil. Vestem todos a mesma farda de cerimónia e orgulham-se dela, usada mas limpa, conservada em tons de cinza e branco, como o cinema quando nasceram. Todos se apoiam em bengalas. Os três. Seja ela feita de madeira, do cruzamento entre os dois braços ou da orelha. Mesmo que um se apoie nos óculos e outro semicerre os olhos quando fala, todos eles vêem bem, quanto mais não seja, para o passado, onde os números se confundem já numa sopa de cavalo cansado mas sábio. E se protegem a cabeça do sol, é porque sabem que o calor lhes pode derreter as recordações e os filhos e os netos não podem ficar sem herança. Os sorrisos que sibilam nas bocas vazias de dentes são o adorno dos seus dias. O resultado de terem aprendido com o caminhar cínico do tempo a esconder as cicatrizes. Os três. Os cem. Os mil. Damon at 4:52 da tarde Damon at 4:03 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |