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sábado, agosto 28, 2010
Sempre que fecho os olhos

Às vezes,
Preciso de fechar os olhos
Para me entreter
Na teia dos sonhos,

Perder-me no rumo,
Brincar com as cordas
De uma guitarra velha,
Esquecida no sótão,
Ao lado de caixas de cartão
Cheias de brinquedos.

Há uma magia de nuvens
No meu céu.
Um momento.
Uma memória.
Uma selvagem esperança
De voltar ao princípio do mundo.

Há uma criança que brinca
No meu sótão.

Há uma criança que brinca
No meu jardim.
Que colhe flores
Sem as matar.

Tenho um armazém
De esboços
Na despensa
Da minha sala de estar.

Sou uma honestidade
De claro-escuro,
Sempre que fecho os olhos,
Sempre que uso os olhos
Para ver.

Há uma chávena
De chocolate quente
E um pratinho de biscoitos
Algures à minha espera.

Às vezes.
Sempre que fecho os olhos.

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Damon at 2:53 da tarde

quarta-feira, agosto 25, 2010

Alma Road

Foi num Agosto de sombras,
De chuva inglesa, miudinha e certeira,
Que pus pés ao caminho
E por entre a humidade,
Fiz o que me era suposto:
Caminhei.

Pela Alma Road,
Andei em linha recta,
Sem medo dos bichos da noite,
Das lojas de take away
Exaustas e assombradas
Ou dos condutores de olhar perdido
E lágrimas no pára-brisas.

Pouco antes de chegar
À Silver Lady, reparei
Que a Tentação caminhava ao meu lado,
Lembrando-me outras noites
Feitas de frio mas não de chuva,
De uma cidade de anjos
E não de uma rua de almas.

A Tentação,
Leve e sorridente,
Riu-se comigo do sinal de “no exit”
À porta do cemitério.
Convidou-me a tomar um copo
Num dos bares de Charminster.

Acenei-lhe que não
Como quem recusa responder
A um inquérito de rua.
Mantive os olhos no horizonte
E disse-lhe:
“Lamento desiludir-te.
Eu não bebo; choro.”

E continuei,
Como quem caminha à beira-Tejo,
Ao ritmo dos The Cure,
Em passos decididos
A seguir o relevo
Do passeio.
Até que o dia me levasse.

É que a outra Alma Road
Vai ter a Charminster;
Esta apenas vai.

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Damon at 11:59 da tarde