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sexta-feira, dezembro 05, 2008
Poema-mensagem sobre Londres naquele dia

Isto
É uma espécie de SMS.
Mas sabes que, para mim, é
Sempre Mais Simples
Pegar na esferográfica e,
Ainda que risque,
Adultere e viole o espontâneo,
Sou mais capaz de dizer o que sinto.

Mal de mim
Que digo o que sinto.

Londres é cinzento.
É o céu da cor dos prédios
E os prédios da cor do céu.
Aqui e ali,
Umas manchas vermelhas
Escorregam pelas ruas húmidas.

Outras manchas,
Pretas, mais pequenas,
Apregoam o seu estilo
E vendem-se em miniatura
Como Galos de Barcelos.

Londres é azul,
Porque a luz cinzenta
Assim se desenha
Nos edifícios cinzentos.

Londres é dourado,
Só para enganar,
Pintam-se as pontes
E o cume das estátuas,
Que se querem altas,
Para que se confundam com
Aviões que voam baixinho
E contrastem com o céu.

Londres é amarelo,
Porque o dourado
Perde inevitavelmente o brilho.

Ou seja:
Londres é colorido.
Mas só com dois pares de olhos
Se consegue ver as cores.

Londres
Não é como Paris.

Em Paris,
Está escrito
Que se anda de mão dada
À pessoa oferecida.

Em Londres,
Passeiam-se os amigos,
E o romantismo
É o desse abraço quente
E permanente.

Aqui,
Sinto-me mais português
Do que na China.
O meu sorriso é verde
E vermelho,
Com um escudo
Na ponta do nariz.

Sussurro na névoa
Da minha respiração
Palavras da nossa língua,
Cantadas com mais força,
Até parece!

Mas sou generoso.
Dou-lhes o sorriso que não têm.

Em troca,
Peço apenas que me deixem
Viver um bocadinho
Deste país que arrepia.
Que vicia.

Estou triste,
Sem o abraço quente,
Sem distinguir as cores submersas
No reflexo do rio.

Mas sei
Que vou cá voltar.

Again and again.

Mesmo que sozinho
E a preto-e-branco.

Londres, 29 de Novembro de 2008.

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