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sábado, fevereiro 22, 2003
Tese e Antídoto

Droga efervescente num copo,
Sais de frutos para a alma,
Analgésicos para momentos exaltados,
Tudo isto me foge, talvez eu não queira...

Talvez eu queira o teu sopro,
O vento fresco que refresca a ferida;
A saliva que cicatriza a dor.

Não me ajeitem as almofadas,
Não me apaguem a luz,
É o meu consolo no quarto de trevas.
Estou perdido entre lençóis,
Transpirações, sonhos e poemas.

Vem tu até mim, serenidade,
Voz da verdade, do tempo que não acaba,
Trabalha em mim um momento bom,
Leva-me contigo para qualquer lugar
Porque qualquer lugar é o paraíso
Ao teu lado.

Tu não me drogas; embriagas-me.
Com a perfeição do teu ser,
Inutilizas as armas
E esvoaças ao vento em bandeiras de paz.

Damon Durham.

Damon at 12:20 da tarde

quinta-feira, fevereiro 20, 2003

Os dias têm andado estranhos. O tempo tem sido pouco e mau. Tudo em prol da mal-cheirosa teoria, do «nível de conhecimentos do ensino superior.» Sendo assim, não tenho tido oportunidade nem alma de escrever qualquer coisa nova e minimamente interessante. Fui ao caderno preto onde guardo as coisas antigas e terei de lá esta espécie de poema/letra de música que nunca foi utilizada apesar de se ter chegado a falar nisso. Apeteceu-me, só por isso. É de 1999.

We are the poets

Come, come, unhappy thought,
For all the times she forgot
That I possibly would love her,
It never really mattered.

Come along, sad tears,
To improve my poetry.
We are doomed, through the years,
To see a horizon far from the sea,
To drown more than to swim.

We are the poets,
The fools that still believe
That love can be achieved,
That feelings really matter.

Come, come, tragedy, come,
So I can rest as the lonely one
And write about loneliness,
About the lack of one kiss.

Come to me, stormy weather,
Out in the rain's where I feel better,
I'm used to tears that are just water,
I don't know laughter...
Only the sadness that comes after.

We are the poets,
The ones who should have gone
Away for the good of machines.
We are the hearts more than the brains
And I have something to write about,
Once again.

Damon Durham.


Damon at 8:57 da tarde

terça-feira, fevereiro 18, 2003

O tempo das tempestades

O tempo das tempestades impõe respeito. Deixa-me a sós por momentos, por favor, nobre pensamento. Não me obrigues a expulsar-te da minha morada. Não me obrigues a perder a razão por tão pouco, exercendo o direito à insanidade que me concederam à nascença.
O tempo das tempestades não é para brincadeiras. É a memória das tragédias que ficaram incompletas, os segredos mal-amados que ficaram por contar e agora são lançados contra a janela em forma de água e ecoam no espaço em forma de luz e de som. Receio pela nossa segurança, nobre pensamento. Receio que te possa perder na tentativa de descansar. Receio estar demasiado habituado a ti, especialmente nestas alturas em que o ar é pesado e não há ninguém a quem contar sonhos por realizar.
Tento não ouvir as zangas divinas e prestar atenção à melodia primaveril que a minha aparelhagem exala. Tento com ela adormecer-te, nobre pensamento. Tento com ela enfrentar a noite de forma mais descansada, sem prós nem contras, verdades ou consequências. Mas és tu, nobre pensamento, que coordenas o ritmo do coração como um baterista. Sem ti, parece que a vida pára. Dá-me impressão que ela é tua irmã. Pobre pensamento sem descanso...

Damon at 7:20 da tarde

segunda-feira, fevereiro 17, 2003

«My father says there is only one perfect view, and that's the view of the sky over our heads.»
George Emerson from «Room with a view» by E.M. Forster.

Damon at 11:19 da manhã

domingo, fevereiro 16, 2003

Estranho momento

Estranho momento, pôr do Sol,
Belo como a melancolia,
Perdi as palavras pelo caminho,
Ansioso por não chegar a casa.

Vigiei a estrela no céu,
Esperei que adormecesse
Para lá do mar dos segredos contados em silêncio
E então...?

«Então, o quê?»,
Pergunta-me a voz do universo,
Aquela que brilha para lá das estrelas,
A harpa que só eu oiço,
Só eu percebo que Deus existe mas é mulher.

Entranha-se o momento, pôr do Sol,
A estrada enche-se de curiosos,
Há roulotes de farturas e vendedores de pipocas
E algodão doce e esta palavra lembra-me o teu sorriso,
Os teus olhos maiores do que o céu.

O carro conduz por mim,
Encontra o caminho por entre a semi-escuridão,
Também ele chora o lugar ao lado,
Vazio de peso, cheio de sonhos.

E os teus olhos, que eu conheço de cor,
Escrevem sonho no espaço da minha cabeça
Cada vez que apontam a luz na minha direcção,
Cada vez que sou abençoado pelo brilho
E pela profundidade doce do caramelo derretido.

Estranho momento, pôr do Sol,
Nos filmes nunca se está sozinho,
Mas os filmes acabam e o pôr do Sol não,
É uma vontade de o ver contigo
Que não o deixa ter fim.

Damon Durham (em casa, 16 de Fevereiro de 2003).


Damon at 5:27 da tarde


É a segunda vez que a merda do computador me apaga um texto enorme que eu escrevo directamente no blog.
Escrevo isto para não o atirar contra a parede!
Fica só o poema que servia de complemento ao texto.
Estão difíceis, estes dias, mesmo que eu os queira melhorar...

Viagem

Viagem com medo da saudade?
É melhor não falar nisso.
Deixar-me levar pela paisagem
É tudo o que eu preciso.

Quero fugir da cidade,
Correr, fugir contigo
Rumo a uma eternidade
Que imaginar não consigo.

Se não quiseres partir,
Partirei só e triste,
Com memórias da viagem
Lembrando-te: ainda existes.

Quero elogiar-te, ó terra!
Nem sequer te conheço...
No tumulto de subir a serra,
As ideias apagam-se no lume aceso.

Mas, quando regressar,
Trarei, pelo menos, lembranças
E a ténue esperança
De que um dia partas comigo.

Damon Durham (a caminho de Macedo de Cavaleiros, 22 de Março de 1999).



Damon at 12:45 da manhã