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sábado, maio 20, 2006


Chegaste ao meu colo, bola de pêlo que tinha pressa em ver o mundo, tal era a força com que tentavas espreitar do caixote de cartão, mais alto do que tu, cá para fora. Cedo adoptaste a teoria da tua mãe: as casotas não servem para se dormir lá dentro mas sim por cima delas. Cresceste. Gostavas de te enfiar entre as pernas das pessoas para que te fizessem festas e abanavas-te todo, não só o rabo, quando chegava alguém. Quando ladravas, era uma deixa para a brincadeira. Então, rodopiavas, saltitando e voltavas a ladrar. Depois, corrias outra vez e voltavas a ladrar. Houve uma vez que ladraste a sério e apanhaste um ladrão dentro do nosso jardim, a tentar assaltar o carro. Passavas horas a fio deitado ao portão, à sombra, a ver quem passava. Adoravas rebolar no cobertor e ir mordiscando uns sapatos. Eras resmungão com os outros, a tua família de pequenotes chatos. Alguns metiam a cabeça dentro da tua boca e tu ralhavas, ralhavas, ralhavas… Foste um Amigo. Quis o destino que no dia em que estivemos quase a decidir acabar-te com o sofrimento, tu próprio percebesses que era hora de ir embora. A consolação é a de que a dor acabou, esse papo no pescoço que insistia em puxar-te a cabeça para baixo já não te faz sofrer. Encontrei-te deitado na sala, onde gostavas de estar. Apesar da peculiar alergia a pulgas, do reumatismo e dos problemas de pele, espero que tenhas sido um cão feliz, Sandy.

Damon at 2:50 da manhã

quinta-feira, maio 18, 2006

Quanto mede a consciência de cada um? Que capacidade de armazenamento tem, em quilogramas, litros ou mega-bytes, esse recipiente mais ou menos resistente, mais ou menos flexível, que trazemos dentro de nós? Qual é o comprimento dos escrúpulos de um homem? E como se mede a área da cobardia?
Poucas vezes se me afigurou tão óbvio o tema de uma crónica como esta semana. Não só por ser bombardeado todos os dias com lembranças acerca do assunto, graças à televisão pública, aquela que é de todos nós. A vontade de agradar a gregos e a troianos (ou na versão menos polémica, aos «prós» e aos «contras») tem limites, meus amigos. Uma vez ultrapassada essa barreira, ela transforma-se em pura e simples hipocrisia. (ler resto da crónica aqui)

Damon at 6:55 da tarde

quarta-feira, maio 17, 2006

Eis-nos, arquitectos das nossas noites demasiado claras. Uns projectam as casas; outros, lamentam-nas. Esta foi apenas uma das ideias, partilhada, evidenciada nas luzes que dizem ao mundo: sim, ainda estamos acordados. No meu planeta, acredita-se em coisas diferentes. Que, se a chuva vem, é para que nos molhemos, não vale a pena fugir da nuvem cinzenta, é preferível fazer-lhe a vontade, que nunca é eterna. No meu planeta, somos diferentes. Tenho isso escrito na testa, particularmente naquela ruga mais acentuada, a que não compreende, a que não se adapta por ser expressão de sentimentos e não de meras vontades. Sim, já percebeste: já só digo que sou um monstro, de vez em quando; agora, meti na cabeça que sou extraterrestre… Deve ser por isso que desde pequeno passo a vida na Lua e vejo as estrelas como uma esperança.

Damon at 1:32 da manhã

terça-feira, maio 16, 2006

Frase do momento: “Quem está, está, quem não está, não está.”, Gilberto Madaíl, presidente da FPF e filósofo nas horas vagas

Pormenores de reportagem:

Numa peça sobre a greve dos CTT, achei piada a uma situação: a dada altura, a jornalista questiona o funcionário dos Correios acerca do atraso na entrega da correspondência e na forma como o facto pode prejudicar os destinatários. O funcionário diz: “olhe, ainda ontem me ligaram da Câmara de Felgueiras, porque estavam à espera de uma encomenda”. O que é certo é que as imagens seguintes mostram, por entre os montes de cartas armazenadas, à espera de ser entregues, alguns “sacos azuis”… Será que a nossa querida Fátima espera que o carteiro lhe traga algo?…

A Lear, fábrica de qualquer coisa de que não me lembro, está quase a fechar, o que é mau no contexto de crise que atravessamos. Mas o que é menos importante e por isso me chamou mais a atenção, é o nome do sindicato que representa os trabalhadores daquela empresa: o STIEN. Aparece o senhor do dito sindicato, o nome dele e, por baixo, a sigla já referida… Será que tem alguma coisa a ver com o “apoio” prestado aos operários? E os homens do sindicato, sentem-se de alguma forma descriminados pela designação nitidamente feminista? Bem, antes STIEN do que SPARTILHO ou TRUCES…

Damon at 3:39 da tarde