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quarta-feira, fevereiro 04, 2009
Frente ao espelho I

Cá estou eu,
Mais uma vez,
Frente ao espelho.
Fina tela de gozo.
Espera por mim todos os dias.

É como se do outro lado
Eu fosse mais feio,
Pior ainda porque o vidro
Se foi riscando
Com o cair da areia
Da erosão dos tectos.

Cá estou, no entanto, incapaz
De me pôr a andar,
Dar de frosques
A toque de corrida,
Sem nunca voltar o pescoço
Para dizer adeus.

Limito-me a
Contemplar a figura odiada,
Desejar outra em lugar dela,
Chego a ter pena do que vejo.

Fico aqui horas a fio,
Cosendo incapacidades,
Inércias e indecisões.

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Damon at 6:09 da tarde


Já me tinham falado do blog, mas confesso que ainda não o tinha ido ver. Sinto-me envergonhado por isso. Iniciativas como esta são louváveis em todos os sentidos e merecem ser apadrinhadas. Por favor, ajudem as meninas do Pintas com Pinta a melhorar a vida de - pelo menos - alguns animais menos afortunados.

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Damon at 11:22 da manhã

terça-feira, fevereiro 03, 2009

História da chuva

Quero chover,
Encharcar de mim os teus cabelos,
Dar brilho à tua pele esquecida
De amor, de abraços, de apoios.

Fazer história, correr rua abaixo,
Em direcção ao rio turvo,
Onde se misturam as lágrimas
E os químicos, lavada a roupa suja,
Quero polir as pedras,
Esculpi-las das memórias
Da minha passagem por ti.

Quero riscar as luzes,
Criar ilusões nos reflexos,
Fazer-te sorrir, acreditando
Na inocência das águas,
As mesmas que matam em alto mar.

Que me bebas,
Que me chores,
Que laves em mim os dedos cansados,
Que te queixes dos meus dias,
Usando-me como desculpa
Para as horas em que és insuportável.

Prefiro chover eu.
Não gosto que chovam pedaços de céu.
E não quero que sejas tu
A desfazer-te em dias cinzentos.

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Damon at 3:43 da tarde

segunda-feira, fevereiro 02, 2009

O dia em que que levei com o vocalista dos Kaiser Chiefs em cima

Não ando propriamente na mó de cima, por isso não estava com um espírito particularmente adepto de concertos rock, com energia e saltos e excessos. Gosto de Kaiser Chiefs porque os considero uma lufada de ar fresco, ao mesmo tempo que me lembram a adolescência ao som dos Blur, dos Pulp, dos Elastica, etc. Ricky Wilson é uma máquina, em palco, não sei - nem quero saber - onde vai ele buscar tanta energia, mas é de facto contagiante. O que eu não esperava era que, estando mais ou menos a meio do Coliseu do Porto, assim de lado, discreto e pacato, acabasse por levar com o vocalista da banda em cima...

Tudo aconteceu quando ele resolveu saltar do palco, misturar-se na multidão em êxtase e escalar até às cadeiras da tribuna, onde se sentou um bocadinho, para logo a seguir mergulhar no público cá em baixo. Exactamente onde eu estava. Lá estiquei o braço, mais para impedir que ele e eu nos estatelássemos do que para tocar a camisola transpirada do moço. Mas pronto, é mais um momento que fica para contar aos netos, quando os Kaiser Chiefs tiverem a idade e o aspecto dos Stones...

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Damon at 4:40 da tarde