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quarta-feira, agosto 25, 2010
Alma Road

Foi num Agosto de sombras,
De chuva inglesa, miudinha e certeira,
Que pus pés ao caminho
E por entre a humidade,
Fiz o que me era suposto:
Caminhei.

Pela Alma Road,
Andei em linha recta,
Sem medo dos bichos da noite,
Das lojas de take away
Exaustas e assombradas
Ou dos condutores de olhar perdido
E lágrimas no pára-brisas.

Pouco antes de chegar
À Silver Lady, reparei
Que a Tentação caminhava ao meu lado,
Lembrando-me outras noites
Feitas de frio mas não de chuva,
De uma cidade de anjos
E não de uma rua de almas.

A Tentação,
Leve e sorridente,
Riu-se comigo do sinal de “no exit”
À porta do cemitério.
Convidou-me a tomar um copo
Num dos bares de Charminster.

Acenei-lhe que não
Como quem recusa responder
A um inquérito de rua.
Mantive os olhos no horizonte
E disse-lhe:
“Lamento desiludir-te.
Eu não bebo; choro.”

E continuei,
Como quem caminha à beira-Tejo,
Ao ritmo dos The Cure,
Em passos decididos
A seguir o relevo
Do passeio.
Até que o dia me levasse.

É que a outra Alma Road
Vai ter a Charminster;
Esta apenas vai.

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Damon at 11:59 da tarde