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domingo, outubro 22, 2006

Porque já não o podes fazer

Por tão pouco que te peça,
Uma palavra bonita,
Enfeitada, mas não demais,
Numa caligrafia bem recortada,
Um pequeno sonho
Na peúga de criança
Pendente da lareira…

Não me vais oferecer
Uma canção empoeirada
Que fale de países onde não chove,
Onde o amor é a lei
E a corrupção mais aguda
Se faz de poemas ousados.

Não me vais regar os vasos
Com gotas de chuva,
Nem borrar a pintura
Com quadros demasiado bonitos,
Daqueles que falam do Inverno
Como um bom banho de imersão.

Já os anjos
Que nasceram das cinzas
Esquecidas em cachimbos
E viajaram pelo seu tubo,
Dos teus lábios quentes
Para a humidade embaciada,
Te ergueram num nevoeiro de orvalho,
Brincando com o que resta de ti
Como se também tivesses asas.

Hoje, não te peço boleia.


Damon at 5:27 da tarde