lkkk
lkjhg
![]() Chegaste ao meu colo, bola de pêlo que tinha pressa em ver o mundo, tal era a força com que tentavas espreitar do caixote de cartão, mais alto do que tu, cá para fora. Cedo adoptaste a teoria da tua mãe: as casotas não servem para se dormir lá dentro mas sim por cima delas. Cresceste. Gostavas de te enfiar entre as pernas das pessoas para que te fizessem festas e abanavas-te todo, não só o rabo, quando chegava alguém. Quando ladravas, era uma deixa para a brincadeira. Então, rodopiavas, saltitando e voltavas a ladrar. Depois, corrias outra vez e voltavas a ladrar. Houve uma vez que ladraste a sério e apanhaste um ladrão dentro do nosso jardim, a tentar assaltar o carro. Passavas horas a fio deitado ao portão, à sombra, a ver quem passava. Adoravas rebolar no cobertor e ir mordiscando uns sapatos. Eras resmungão com os outros, a tua família de pequenotes chatos. Alguns metiam a cabeça dentro da tua boca e tu ralhavas, ralhavas, ralhavas… Foste um Amigo. Quis o destino que no dia em que estivemos quase a decidir acabar-te com o sofrimento, tu próprio percebesses que era hora de ir embora. A consolação é a de que a dor acabou, esse papo no pescoço que insistia em puxar-te a cabeça para baixo já não te faz sofrer. Encontrei-te deitado na sala, onde gostavas de estar. Apesar da peculiar alergia a pulgas, do reumatismo e dos problemas de pele, espero que tenhas sido um cão feliz, Sandy. Damon at 2:50 da manhã
|
outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |