segunda-feira, novembro 07, 2005
Pensamento de hoje, às 13h30
O tempo frio, a longa caminhada entre Outubro e Abril, faz-me sentir mais vulnerável. Como se a chuva pudesse arrastar consigo a minha pele, deixar-me nu de razão e significado. Daí o buraco para onde me apetece migrar, um buraco tapadinho, onde me sinta seguro e onde os vermes, o plutónio e os monstros que desenho no espelho e os monstros que se apoderam de uma ausência na minha vidas, não consigam chegar. E o frio, o frio que faz desejar chocolate quente e um bom filme enquanto os braços seguram o nosso maior tesouro… O frio quebra-me os ossos e conserva as memórias que eu quero longe da vista.
Pensamento de hoje, às 16h00
Eles olham e chamam-me «estrangeiro!». Eles não permitem bons dias, boas tardes, boas noites, então, como estás, és daqui, por que estás aqui, etc. A porta abre-se e eu estou aqui. Passam e fazem-me velho. Como é que alguém com 25 anos se sente velho?... Quando se sente desnecessário, supérfluo, a precisar de ir à revisão ou de um passeio pelo ecocentro. Eles olham e não me chamam. E eu faço o resto. Nem sequer refiro as excepções…
Pensamento de hoje, às 17h30
Há alturas em que os olhos deviam estar quietos. Os olhos, um bocado crianças a brincar num jardim, podem cair e partir uma perna ou simplesmente magoarem-se. Porque os olhos, tal como as crianças, fartam-se de fazer desenhos que não têm nada a ver com a realidade. Nesses desenhos, a vida é bem mais justa. Esses desenhos são bem mais bonitos do que muitas fotografias. Alguns desses bonecos desenhados merecem bem melhor. E os meus olhos querem muito o bem de alguns desses bonecos.
Damon
at
8:58 da tarde