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Nao sei quando comecei a correr. Apenas que a meio do caminho, noite feita daquelas cheias de luz, já tinha deitado abaixo metade dos obstáculos e que os pontos se acumulavam nos meus bolsos num retinir de vitórias que fariam os miúdos pular de alegria no salao de jogos. Mais a frente, sentindo por baixo dos pés uma substancia macia e ao mesmo tempo crocante, descobri-me na praia, deserto onde o luar se avolumava, de uma forma meiga, amaciava o chao. Atravessei-a toda, de vez em quando, sentia o fresco da água do mar nos meus pés e a espuma perdendo-se na minha pele. Até que o mar acabou. Entao, corri por campos agrestes, cobertos de fetos e outras plantas com a forma de lágrimas que secaram. Corri com um pastor alemao ao meu lado, riamo-nos os dois, a cada passo, uma gargalhada, pareceram-me anos a ficar para trás. Entrei no cinema quase sem dar por isso, saltitando por entre os baldes moribundos de pipocas, na fase em que apenas alguns melodramáticos seres ficam a ver os nomes das pessoas que fizeram o filme. Encontrei-me de novo cá fora, em caminhos estreitos de uma cidade árabe. O cheiro a especiarias inquietava o vento quente. Deram-me o pau de uma bandeira, cujo pano havia entretanto sido levado pelo vento carregado de especiarias. Entrei naquilo que parecia ser uma pista de corridas, fiz alguns pioes que me levaram ao sub-solo, onde canteiros de violetas eram regados por homens que faziam o pino para sorrir. Atravessei um túnel. Ouvi um comboio por perto. Ouvi cançoes antigas na voz de crianças. E de novo a luz. Era dia e eu continuava a correr. Nao sei quando comecei a correr. Mas sei que já corria há muito tempo e as horas apenas pareciam dar-me mais energia. Cheguei a um planalto onde o sol se punha apesar de ser manha. Acendi uma fogueira e vi o pequeno fogo sorrir. Ali estava o mar de novo, povoado de minúsculos pontos de luz. Enquanto recuperava o folego, apeteceu-me contar as estrelas. Fechei os olhos e contei-as. Mergulhei nelas. Senti-as molharem-me o corpo enquanto os seus braços me despiam. Senti-me adormecer por dentro. Quando dei por mim, estava deitado no ventre da minha mae, a espera de uma oportunidade para nascer de novo. Damon at 2:30 da manhã
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |