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cançao do momento: gene, «save me, i'm yours» O poder do papel e da tinta Duas folhas brancas, Coscuvilheiras, Em cima da mesa, A espera que eu lhes conte Os teus segredos. E a esferográfica, Vermelha, cúmplice, Trinca-espinhas sanguinária, Seduz-me com o olhar Matreiro, de quem conhece Todas as minhas asneiras E que orgulhosamente Lhes cuspiu em cima. Recuso-me. Argumento com Uma crise de inspiraçao E luz insuficiente, Para além do reumatismo Que me tem afectado As pontas dos dedos. Dói-me a cabeça. E sabendo que a memória É uma despensa, Doem-me as costas E nao posso baixar-me A procura das caixas de papelao Onde guardei o que me contaste. As duas folhas, brancas, Pele macia a fazer inveja As modelos nórdicas Dos anúncios ao creme Nívea, Ameaçam o suicídio, Fazem chantagem emocional, Aproveitando uma rajada de vento Para se atirarem do Evereste desta mesa. A esferográfica, Vermelha, De vestido transparente, Simula uma hemorragia E diz-me que se esvai E que vai perder todo o sangue E que há palavras que nunca escreveu E tem tanta pena de morrer Sem as dizer. Eu, Que nao posso Com este sofrimento, Acabo por fazer-lhes A vontade e, Em cento e vinte linhas, Conto-lhes tudo o que sei Sobre ti, Tudo o que me contaste, Tudo o que n?o me contaste, Tudo o que me disseram E tudo o que vi Através da fechadura Que me mostrou O teu corpo E o teu quarto. Satisfeitas com a refeiçao, As folhas levantam voo, Para eu nunca mais as ver. Mas diz-me o vento Que o livro vai ser publicado Em breve. Damon at 9:31 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |