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Cancao do momento: The Gift, «Me, myself and I» Frase do momento: «Gostas muito do avo, nao gostas?» No proximo sabado, vou nascer... (Parabens a quem nasceu hoje, como o Senhor Meliante...) Sei que no primeiro dia da escola Primaria vou reencontrar o Miguel e ficar espantado por ele estar ali. Vou-me sentar numa carteira daquelas antigas, em que o banco está preso à mesa cujo tampo levanta. Vamo-nos sentar os três – eu, o Miguel e a mãe dele que um dia será minha professora de História. A D. Alegria – que, por falar nisso, conduzirá um BMW de museu, verde fluorescente – não tem propriamente muita paciência. Vai-nos dar «cachaços» e bater-nos com uma cana que chega ao fundo da sala. Não desfazendo, eu vou ser dos mais bem-comportados. Eu e o Miguel vamos passar os intervalos a conversar enquanto os outros jogam futebol. Mais tarde, vou-me arrepender de não ter corrido e saltado mais… Isto vai acontecer em 1986. O meu jogador preferido do Benfica, por esta altura, vai ser o Carlos Manuel, por ter o nome do meu tio e por ser também o jogador preferido do meu avô materno – a grande influência no facto de eu vir a ser benfiquista. De facto, ao longo da minha infância, vou desejar com muita força cada uma das visitas dos meus avós ribatejanos, os meus grandes amigos. Vou passear com o meu avô por caminhos que, anos mais tarde, vão deixar de existir. Vamos conversar os dois com vizinhos que, anos mais tarde, vão deixar de estar lá, ao portão, a espera de que um avô passe com o neto de mão dada. Quando eu fizer oito anos, o meu grande companheiro que eu só via algumas vezes por ano vai-nos deixar. Vou finalmente perceber o inevitável e definitivo. A partir de então, já só posso esperar as visitas da minha avó materna e dos meus tios, tanto os de Santarém como os de Lisboa, juntamente com os meus primos. Aliás, com o meu primo Vasco que, alguns anos mais tarde, vai ser um brilhante licenciado em Medicina, vou viver algumas aventuras, como aquele Carnaval em que um adulto enraivecido por ter sido alvo das nossas pistolas de água me vai tentar destruir a bicicleta atirando-a várias vezes para o chão. Com a minha prima, a Vera, vou mais tarde ter conversas de uma ajuda preciosa. A sua atenção, a sua amizade vão-me ajudar várias vezes e vou desejar não estar tão longe… Outro dos meus grandes amigos, por esta altura, vai ser o Fúria – o nome engana… O meu pastor-alemao irá morar connosco quando eu tiver à volta de três anos e só deixará de respirar quando eu tiver quase dezanove. Pelo meio, correremos o jardim todo, ele tentará morder-me os pés enquanto eu ando de baloiço e encostará a cabeça às grades para que lha cocemos. Mais ou menos por esta altura, vou começar a desmaiar e vou ser tratado por um médico galego. Vou então fazer muitas viagens a meio da noite até Pontevedra e outras tantas para o Hospital de S. João. Um dia, por volta do ano 2004, vou-me aperceber do vazio da minha casa sem todos aqueles amigos. Alguns vão entretanto desaparecer no espaço mas não na memória; outros, cujas visitas serão cada vez mais raras, vão crescer e, tal como vai acontecer comigo, deixar de ter tempo para correr e saltar e passar as férias a brincar. Mas antes que isso aconteça, ainda vou ter tempo de rir e ver muitos episódios do Dartacão e inventar concursos e coleccionar cromos e jogar cartas com a minha avó e ir de bicicleta até sítios que se transformarão em hipermercados onde um dia farei compras e… Antes de 2004, ainda terei tempo de ser feliz. (continua) Damon at 9:08 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |