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Cançao do momento: Muse, «Please, please, please let me get what I want» No próximo sábado vou, finalmente, nascer. Depois de fazer a primária, partirei para a escola da Maia, centro urbano em pleno crescimento, jovem e cheio de gente com um nível de vida acima da média, pleno no entanto de assimetrias que se reflectirão no ambiente escolar. Vou conhecer o Sílvio e o Gildo e, mais tarde, o Nuno. Vou vibrar com uma Daniela que, ao que sei agora, é veterinária. Mais tarde, vou-me atirar de cabeça para dentro de uns olhos azuis e tornar-me poeta à custa deles. Sei que, nos dois primeiros anos, a adaptação não será fácil. No início da década de noventa, eu vou ser um miúdo moralista, com a mania que é um anjo, o que não vai facilitar o diálogo com os meus colegas da cidade. Mas vou fazer amigos. Grandes amigos, alguns deles ainda me vão dar os parabéns quando eu fizer 24 anos, em 2004. O facto da mãe do Miguel ser minha professora de Historia vai fazer com que ele tenha que deixar a turma, o que vai ser bom para mim. Vou-me libertar mais, entregando-me a um grupo que será um dos mais marcantes de que farei parte. No 7º ano vamos, todos juntos, sem alterações, mudar de escola. É nessa altura que vou conhecer o Nuno. E tudo vai mudar. Os intervalos vão deixar de ser simplesmente altura de ir jogar futebol, os furos vão deixar de ser simplesmente momentos para ficarmos sentados a ver as nossas colegas passar. As aulas vão deixar de ser para estar atento. Esta altura será o auge de todas as formas de aproveitar o tempo, o clímax da qualidade de vida na adolescência, com apenas alguns buracos aqui e ali, colmatados com sonhos do tamanho de casas. Vou querer ser piloto de Formula 1, vou ter um kart para dar umas voltas e sonhar ainda mais. Vamos – eu e o Nuno – a tudo o que for festa, romaria, espectáculo de folclore, teatro, manifestação, comício, discurso do padre. E vamo-nos divertir como nunca… mais. O meu pai ainda conduzirá o velhinho Ford Granada e a minha mãe, o Seat Ibiza. Será nesta altura que a minha avó paterna nos deixará para ficarmos cada vez menos lá em casa. Mas será esta a altura mais feliz da minha vida, pelo menos, até aos 24. Talvez não a mais importante. Essa virá a seguir… (continua) Damon at 12:36 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |