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sexta-feira, novembro 07, 2003
O som do mar aqui tão perto. E tu, amigo, vais-te embora, levando contigo as palavras que tinhas para me dizer e que não disseste por não haver tempo para conversar, ultimamente. O som do mar e eu nem o vejo. A noite chama-me cego e escreve no céu pequenas nuvens que envolvem a Lua nos seus lençóis. E tu, amigo, caminhas juntinho ao pequeno muro que separa os teus pés da areia fresca da praia, dos passos esquecidos marcados no chão de pequenas serras, pequenos vales, pelo meio dos desenhos que os loucos – aqueles que se apaixonam – deixaram como souvenir da sua passagem por aqui.
O mar lá ao fundo. Pequenas luzes flutuam sobre a sua frescura. São barcos que não levam sonhos, pelo menos, os meus. Os meus sonhos ficam. No dia em que os perder, o mar lá ao fundo há-de receber-me nos seus braços de onda e entre a espuma hei-de perder-me, hei-de fazer amor como fazem os loucos – os que se apaixonam – e beber o sal que me há-de levar até à outra margem a contar da superfície das águas.
O som do mar como pano de fundo. Como banda sonora. Como os lábios que segredam coisas impossíveis, memórias que não tenho e quero ter. O som do mar como voz de mãe que me adormece, que me aconchega nos lençóis de areia e espera que seja a brisa a dar-me o beijo de boa noite.
Tu, amigo, foste embora. Porque tinha que ser. Porque era preciso. Agora a cadeira serve de corpo para o meu casaco cobrir. A cadeira é o ser que o meu casaco protege do frio. O ser que o seu forro macio acaricia com cuidado.
O frágil som do mar. A força das ondas que se distanciam. Talvez regressem mas eu não as vejo. Apenas as sinto. E elas envolvem-me nas suas marés.

Damon at 7:09 da tarde