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quinta-feira, abril 24, 2003
Madrugada de 24 de Abril de 1980. Hope Hospital, Salford, Manchester, Lancashire, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
Na primavera inglesa, na cidade onde 23 anos mais tarde Real Madrid e Manchester United jogariam os quartos-de-final da Liga dos Campeões, um mês antes do suicídio de Ian Curtis, perto do sítio onde os Joy Division dariam origem aos New Order, os primeiros sinais chegavam. Quase ninguém dava por isso. Num hospital de esperança, cheio de enfermeiras irlandesas, sardentas e brancas como as batas que acariciavam a pele delicada dos bebés, alguém batia à porta, pedindo para viver em liberdade, por alturas do 6º aniversário da Grande Revolução. No meio da alvura das peles britânicas, surgiria, por volta das nove e meia, um sujeito moreno, pouco chorão, que viria a ser adepto do Benfica e do clubezito da terra, o Manchester United, e que haveria um dia de querer escrever nessa misteriosa língua - o português. Um casal de emigrantes haveria de sorrir, ignorante do que haveria de ter que aturar, mais tarde, quando o puto se recusasse a comer fígado ou peixe cozido. 23 anos depois, uma dessas enfermeiras irlandesas, de nome Beatrice Connolly, haveria de se lembrar ainda do miúdo que nascia e recordar a data com o envio de um postal com imagens de um jogo de rugby entre as selecções inglesa e escocesa. 23 anos mais tarde, «There is a light that never goes out», dos The Smiths, lembraria ao puto o orgulho da sua cidade natal. Passou tanto tempo, mãe...

Enquanto o miúdo apagava as três velas de um bolo rodeado de gente, nascia no Porto uma bebé, certamente bonita, definitivamente promissora. O destino haveria de querer que estes dois seres se conhecessem, estes miuditos que entretanto cresceriam, a quem a roupa deixaria de servir, que aprenderiam a jogar futebol, a ler e a escrever... ele descobriria o azul do céu; ela reinventaria o roxo... Por caminhos distintos haveriam de ir ter ao mesmo local. Muito prazer em conhecer-te, digo-te eu agora.
Abre os braços e agarra um pedacinho de céu. Esta noite, pega numa estrela e usa-a como farol das recordações do passado e, sobretudo, de todos os sonhos do futuro. Este dia é nosso!

Damon at 2:08 da manhã