lkkk lkjhg
sábado, março 01, 2003
Fui buscar mais um ao caderno preto (este já está um bocadinho rasgado e tem na primeira página uma anotação que diz «a vida é cheia de nomes boi ando»...). O poema é do «já» velhinho «A verdadeira vida está ausente», de Maio de 1999. É do tempo em que ainda me preocupava com rimas, mas gosto dele.

Corpo que sangra

As pessoas no autocarro;
Os putos de cigarro
Na mão;
No parque, os velhos que conversam;
Não te vêem...

Os radicais de rádio portátil;
As mulheres que do fútil
Fazem conversa;
Os que andam sempre com pressa;
Não te vêem...

...Nem o teu corpo que sangra,
Que me recusa como ajuda,
Nem o meu coração que se arranca
Ao ver-te ali, muda.

O motorista do autocarro;
O sujeito do banco ao lado;
Não vêem,
Não reparam no que precisas,
Não vêem

O que eu vejo dentro de ti:
Um corpo que sangra
E uma alma jovem que sorri
Para não precisar de mim.

Deixa-me amparar o rio,
Aquecer o sangue (está frio).
Deixa-me proteger-te.
Eles não te vêem nem querem ver-te.

Damon Durham.

«Still this house is empty now» na aparelhagem. Anne Sophie von Otter, o que é que estás para aí a dizer?


Damon at 7:37 da tarde