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terça-feira, março 04, 2003
Café Vianna, Braga,
13 de Fevereiro de 2001.


O chafariz explode
À minha frente
Escondendo, por momentos,
O edifício do McDonald’s,
Mas nunca por muito tempo.

A senhora dos pensos
Faz negócio na mesa ao lado,
E o puto romeno
(Pelo menos, ele diz que é)
Reclama num meio-português
Com o empregado do café
Que o manda embora.

O cigano vende rosas
Em véspera de S.Valentim
Mas, não imagino porquê,
Nunca se chega perto de mim.
Por que será?

Mais uma vez,
A água se eleva.
Sem que alguém se aperceba,
Ela quase toca o céu
Azul num Fevereiro
Que podia servir de exemplo
Para o ano inteiro.

O chafariz
É a única morte para a sede,
Que um Deus-Homem não quis
Que esta cidade tivesse rio
Ou mar para a contemplar.

Como a água,
As vozes também se elevam,
Os amigos conversam,
Os colegas dizem coisas,
Os solitários lêem o jornal.

Numa mesa ao canto,
Bebendo aguardente,
Um homem silencioso
Faz-me lembrar, de repente,
O Vasco Graça Moura.

Que disparate!
É apenas mais um habitante
Desta cidade quase grande
E nem deve saber, sequer,
Quem é o Vasco Graça Moura.

Distraio os olhos na praça,
Vendo quem passa:
Os que sorriem vêm do trabalho;
Os que olham o chão
Vão para lá.
A mim, não me enganam...

Misturam-se gerações:
Homens de chapéu e gabardine
(Mesmo num dia de Sol)
E radicais de cabelo espetado,
Calças largas e cachecol
(Mesmo num dia de Sol...).

E eu já paguei o café,
Comi o chocolate
Que me deram
E tenho que ir à Sé,
Pagar a conta da água.

Ai, ai! Pagar a conta da água
Numa cidade sem rio nem mar...

Damon Durham.

Damon at 4:24 da tarde