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Saudades de Graham Alexander Durham Há palavras que se espalham no espaço amplo do meu corpo em pequenas explosões químicas. Há vocábulos que procuram em vão preencher as lacunas deixadas pelas pás e pelas enxadas, pelas escavadoras e pelos tanques, pelos exércitos de elefantes e pela chuva ácida da desilusão. Nada me preenche. Nada do que tenho. Sinto-me vazio. Sem histórias para contar à lareira, em serões que nunca existiram. Sem novidades que começam com «Sabes?...» e que se contam às sextas-feiras à noite num bar onde um piano encharcado de odores enche de luz a sala cheia de pequenas velas e pequenos candeeiros e grandes amores e pequenos amores e um ou dois estudantes solitários que repetem vezes sem conta memórias de mais de dez anos, etc. Já nem a melancolia das palavras de Brett Andersson me adormece de pensamentos maus, transformando-os numa tristeza «pelo menos» poética. Nos telefonemas, perco o fio do discurso e tudo o que oiço é o silêncio irritante de mim próprio. Falta-me a voz. Falta-me outra voz. Falta-me o espírito do meu irmão em espírito, sentado naquela cadeira daquele café, recortando frases para transformar em poemas e ousando sonhar com sabores de salivas, ousando pedir o que outros não pediram e tiveram. Ele dizia: «Robert Smith, o que é que estás para aí a dizer? Somos jovens, continuamos a sê-lo...» e eu ouvia-o como se o discurso partisse de mim próprio. Mas não. Eu não nasci em Liverpool nem tenho aquele sotaque. Era ele que falava. Ele é que era «o herdeiro dos sonhos de Shakespeare e o sonhador que nunca conheceu o seu verdadeiro Sabor»... Por onde andas, Graham Alexander? Por onde, Alex, meu puto feliz porque tudo nunca passou de um sonho?... Damon at 11:01 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |