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A casa onde já não mora ninguém Chegámos lá ao fim da tarde, Tom aconchegava-se ao casaco À falta de roupa mais quente, O Sol estava triste e despedia-se. Quatro paredes de histórias, Um telhado de cabelo a cair, E à porta um tapete roto do pouco uso, Esperando pés que o gastassem, Que mostrassem assim o respeito Pela casa onde já não mora ninguém. Tom abiu a porta que ganiu, A luz que entrava pelas janelas incapazes De esconder a desgraça do corpo Era a da melancolia do fim. Tom apercebeu-se Da solenidade do momento. Subimos as escadas podres, Enfiámos os pés em buracos rotos Outrora pontos de passagem De passos felizes, apressados, Em direcção a quartos onde os brinquedos dormiam. Lá em cima, morava a memória Adormecida em caixas de cartão e quadros Que parecem segurar as paredes Velhas, implorando uma eutanásia de caterpillars. Tom e eu, sentados aos pés da cama Onde a ferrugem substituiu o ferro Tal como as lágrimas substituem os olhos Quando voltamos a ser humanos. Tom chorou. Reconheceu naquele espaço O abraço quente do seu passado, O beijo na face ao deitar As histórias contadas E as outras, que ficaram por contar. Naquela casa, Já não mora ninguém. Ficámos ali dez minutos, Um por cada dedo das mãos Que acariciaram o pó dos dias, A última marca do tempo Em que aquele sítio vivia. Depois, saímos, Passámos os quadros tristes, As escadas mutiladas, A porta que gania, O tapete esquecido do uso... Então, Tom fez sinal Ao homem do capacete. Era um bom negócio, A vida não está para lágrimas. E o monstro mecânico avançou E naquela casa, já não mora ninguém, Nem o tapete nem a porta nem as escadas nem os quadros nem a cama nem eu nem Tom. Damon Durham. Damon at 7:38 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |