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sexta-feira, janeiro 31, 2003
Talvez os meus olhos

Talvez os meus olhos
vejam um pôr do sol que não existe,
Talvez seja uma ilusão de óptica,
um prazer que só a fantasia poderia dar à luz.

Não há nuvens
que me dêem boleia
até ao fim dos dias,
é pena que um dia assim tenha que morrer
para dar lugar a outro que será certamente cinzento
como as sensações estranhas.

Há sensações estranhas
que são cor de rosa,
outras
que não têm cor nem cheiro nem vida.

É estranho não ter vida,
é quase como estar morto
mas dói mais.

Dói-me o pôr do Sol,
por exemplo.

Queria pedir-lhe que ficasse para sempre,
guardado no meu olhar
há muito esperançoso
de um dia assim.

Mas o fim existe.

Pelo menos na dura realidade,
a traição dos meus sonhos introvertidos.

Já deves ter reparado
que deixo escorregar a alma
pelos dedos que martelam nos teclados
o ferro que construirá o barco
com que me farei ao Tejo,
onde um dia deixei ficar
uma força mais forte do que a corrente.

Fui atraiçoado e levaram-na
para a outra margem,
para lá de Almada e do horizonte,
longe de tudo o que é longe e perto.

Conheces-me melhor do que pensas.

Sou um livro aberto
na página da conclusão,
onde são descritos em síntese
todos os conteúdos da história,
mesmo os mais negros,
os que doem.
Dói-me a história.

Damon Durham.

Damon at 9:50 da tarde