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O dia em que quase conheci alguém parecido comigo Estava um dia que era noite, Eu tinha ido almoçar Ao mesmo restaurante chinês (Chop suey de galinha, Se te interessa...). À saída, A chuva escorregava por mim, Dava-me de beber a sobremesa E empurrava-me rua abaixo, Obrigou-me a entrar no café. Nunca lá tinha ido. Escolhi uma cadeira para me sentar, Uma mesa onde apoiar os braços E procurei alguém Onde os meus olhos pudessem repousar. Ninguém suportava o peso do meu olhar, Ninguém aceitava a proposta que eu fazia, Um visual contrato, momentâneo, Um amor que se faz com os olhos, Instantâneo. Então, senti-me descolorir, Eu era uma televisão daquelas antigas, Em madeira, sem comando e a preto-e-branco, Enquanto os outros eram Pal Plus, Com Dolby Surround e teletexto. Deixei que os olhos descaíssem Como os seios da mulher antiga, Desiludida com as rugas da vida, E foi nesse momento que, sem eu ver, Surgiu um novo ser. Vinha de fora, como eu, Não da chuva nem de outro país; De um outro sítio sem tecto nem chão Nem paredes nem saneamento básico, Um lugar sem espaço. Tal como eu, vi-o descolorir, Tomar a cor cinzenta da diferença E fitar-me com uns olhos que eram verdes Mas perderam a esperança. Sentou-se à minha frente. Foi então que me vi crescer, Os meus braços foram heras. Quis tocar-lhe, ser seu irmão, Desenhei um sorriso e recebi um igual, E momentaneamente fui arco-íris. Mas a sorte é algo que acaba Tantas vezes que assassina a esperança. Vi-o tirar um lenço azul do bolso E percebi. Virei-me para mim próprio e disse: «Ainda não é desta!». Damon Durham Damon at 9:57 da tarde
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outras praias
where words come together as waves, blue and beautiful, dying in the whiteness, but repeating themselves like music notes, from sunrise to sunset to sunrise again. um livro: «Saudades de Nova Iorque», de Pedro Paixão. um filme: «Memento». um disco: «King of limbs», Radiohead. |